No Covil dos Lobos

Por J.F Rozza
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O menino corria como um cavalo pelo campo, sua mente era o cavaleiro que agora o açoitava sem piedade exigindo de si mais velocidade, desejava voar como uma águia, vacilou observando o céu e caiu pateticamente próximo a um grande pedaço de árvore caído, tentou levantar mas agora rastejava-se na lama como um verme.
Levantou da sua primeira queda e tentou transpor o tronco o bloqueou seu caminho, seu pé ficou preso por alguns instantes alimentando com lenha o fogo do pavor que ardia em seu coração. Seu corpo clamava por uma pausa, mas seu instinto o impulsionava em frente, seu cavaleiro voltava açoitado. Sabia em seu intimo que fazer uma pausa agora em uma floresta a noite infestada por predadores, seria como tocar um sino anunciando o banquete e que o jantar estava servido.
Sentia o vento gelado cortar-lhe o rosto, em trechos que a floresta era densa, arvores e arbustos o arranhavam, tirando-lhe sangue e infestando a noite com o cheiro doce do seu sangue fresco, que agora impregnava o ar por onde ele passava, seu cheiro foi como um convite aos primeiros predadores que foram despertados pelo novo aroma em suas narinas.
O menino sentia seus músculos tensos, se não estivesse correndo estaria congelado pelo frio do último entardecer de sua vida, esta que esvair se ia rapidamente, era frio como uma noite de inverno, um clima atípico em pleno verão. A noite eterna renasce trazendo com ela os seres que habitam as trevas.
O menino subiu em uma rocha, e no meio de sua fuga, por instantes contemplou uma vista celestial, no horizonte estendia-se por quilometros sem fim uma floresta cheia de vida, havia árvores até onde os seus olhos podiam ver, um gavião solitário ainda plainava no ar, o pôr do sol iluminou seu rosto aquecendo-lhe por instantes, até a luz sumir e logo desaparecer no horizonte.
Assim como a noite tem agora a sua vez, logo um novo dia ira nascer, para predadores e presas, pelo menos para aqueles que sobrevirem a mais uma noite na floresta.
Luz e escuridão são opostos que não podem coexistir, porque para haver escuridão a luz deve morrer, e para ofuscar a escuridão, a luz deve RENASCER.
E entre esse jogo de luz, escuridão e renascimento, em contraditoriedade à regra, há um menino chamado Santiago, e em seu interior luz e escuridão coexistem, uma sempre tentando sobrepujar a outra.
O menino agora se encontra imerso na escuridão e prestes a morrer.
Sem a luz, em segundos tudo estava imerso em total escuridão, como se uma força maior espalhasse as trevas para mascarar aqueles que se camuflam nas sombras. Era noite de lua cheia, que após um período de escuridão total, trouxe rapidamente um pouco de luz e agora brilhava alta no céu, refletindo sua imagem gêmea nas águas.
O menino caiu pela segunda vez, exausto, suor frio escorria em seu rosto, sentou-se por um momento no chão gelado, em sua frente havia uma árvore morta, assustou-se ao olhar para cima e ver uma coruja fantasmagórica com a cabeça retorcida o observado.
Respirou fundo tentando acalmar o coração na tentativa de refletir por um minuto, mas ele não tinha um minuto, as sombras se moviam rapidamente.
A noite trazia seus próprios sons, corujas, alguns pássaros e todos os seres que rastejavam pelo chão, grilos em sinfonia tocavam uma marcha fúnebre.
Todos esses sons sumiram de repente. A noite cheia de vida, agora trazia um silêncio ameaçador.
O único som que o menino agora podia ouvir era como tambores sendo batidos bruscamente em seu peito; ka-bum, ka-pam, ka-bum, kapam, ka-bum, ka-pam. Conforme sua respiração ofegante acalmava-se, sentiu os sons aos poucos perderam força, imerso e sozinho naquele silêncio embriagante, o menino sentiu uma paz que fez seu coração bater calmamente.
continua

Características do eBook

Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:

  • Autor(a): J.F Rozza
  • ASIN: B07BSRZXKV
  • Editora: i9
  • Idioma: Português
  • Tamanho: 902 KB
  • Nº de Páginas: 159
  • Categoria: Literatura e Ficção

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