Navegar é Preciso: Romance

Navegar é preciso foi escrito numa época em que, timidamente, os computadores de uso pessoal começavam a entrar no cotidiano brasileiro; época em as deficiências da rede de comunicações do Brasil tornavam caro e difícil o uso da internet que, na verdade, era quase um luxo. Enfim, a popularização da tecnologia digital no Brasil causava o espanto e o encanto que o livro procura retratar. Hoje, talvez os leitores estranhem o internauta precisar tirar uma fotografia para depois escaneá-la e, só então, enviar anexada a um e-mail. Na época, porém, a fotografia digital também era uma quase inacessível novidade no Brasil. Apesar dessa defasagem nos aspectos tecnológicos, que poderia ser facilmente acertada com um pequeno trabalho editorial, os aspectos de fato relevantes do enredo permanecem atuais e inalterados, razão pela qual o autor optou em deixar o livro como foi escrito lá nos últimos anos da década de 80 do século XX, época em que foi publicado com sucesso pela hoje extinta Editora Nova Didática.
Navegar é preciso narra as peripécias de Maruska, adolescente que, numa choperia, em companhia de um grupo de amigos, testemunha um crime bárbaro e brutal. Traumatizada, fica com medo de sair de casa e, assim, descobre a internet, os chats, as salas de bate-papo, onde trava relações com um moço que se diz poeta e se identifica na rede pelos codinomes de Rimbaud ou Whitman. Esse relacionamento virtual desperta sentimentos outros em Maruska que, a partir de certo momento, deseja se encontrar com seu amigo, mas percebe que ele foge desse encontro. Então, corajosamente, faz o possível e o impossível para, contra a vontade do rapaz, se encontrar com ele. Esse encontro causa grandes e desagradáveis surpresas.
O romance trata criticamente de problemas cruciais e sempre atuais para os jovens, como representação de papéis sociais e autoaceitação, alcoolismo e uso de drogas, relações familiares e relações sociais, a mentira e a verdade, o mundo real e o mundo imaginário, dentre outros. E tudo pincelado com um alguma poesia.