Eu poderia começar com o era uma vez, mas aqui não é uma história de contos de fada e muito menos existe aquela princesa submissa.
Nós mulheres negras não somos aquela princesinha, toda delicada com aquele vestido volumoso que a sociedade criou para si como a mulher perfeita.
Nem pretendemos ser. A nossa mente é evoluída o bastante para se acreditar no mundo de faz de conta e ser a princesinha à espera do seu príncipe encantado.
Acho que todos os homens deveriam saber que os tempos são outros e nós mulheres aprendemos todos os dias a sermos independentes.
Mas claro que no período escravocrata não foi bem assim, a nossa liberdade era usurpada pelos senhores de escravos.
Mas por que o título Nagô das Negras? Porque toda essa ideia de caminho traz a percepção e o tanto que a mulher negra andou e tanto tempo que ela levou para chegar até aqui.
Primeiro a mulher negra passa pelo processo da aceitação e depois pelo processo de como lidar com o racismo, seja racial ou estrutural.
A nossa aceitação tem relação em primeiro com o nosso cabelo. Para nós é passada a ideia de cabelo ruim, depois temos as dificuldades ao pentear e o que fazer com nossos crespos. Dificilmente achamos cremes para pentearmos os nossos cabelos. Nas propagandas de cosméticos dificilmente somos representadas.
É um processo doloroso que atinge o nosso psicológico. A mulher é preta, macaca, vagabunda… Todo o tipo de prejulgamentos nós ouvimos. O tempo todo nós temos que nos posicionar diante da sociedade. Nós temos sempre que provar quem somos e que temos o nosso valor.
Ao escrever o Nagô das Negras pude perceber que todas nós temos pontos em comum na nossa história de vida, o preconceito por causa do cabelo, o preconceito por causa da cor da pele, a difícil aceitação por nós mesmo e a nossa família, a alta afirmação diante da sociedade, o salário bem abaixo do homem, a aceitação do corpo e difícil luta contra a sociedade machista.
A nossa história passa pela relação do ser criança, do ser filha, do ser mulher, do ser mãe. Depois a nossa relação com o mercado de trabalho.
Alguns fatos da nossa história são heranças do tempo da escravatura. O trabalho doméstico é um deles, com o fim da escravatura muitas mulheres se viram sem rumo certo com seus filhos nos braços, a escolha que tiveram foi o de continuar com a mesma função que dantes era o trabalho escravo. O trabalho doméstico fora ou dentro de casa é presente na vida de toda mulher até hoje.
No mercado de trabalho muitas mulheres são humilhadas e desprezadas. Nas mídias a mulher ainda tem o estigma de escrava, doméstica, objeto sexual. Em alguns programas de televisão a mulher sempre é associada à pobre da favela, a macumbeira, a gostosa de bunda grande e a mulata do samba. Em quadros humorísticos ela sempre foi à gostosa que passava pelas ruas de roupas curtas, justas e decotes. Para a família se ela andasse em trajes menores ela passava por ‘’puta’’. Sempre tinha alguém da família ou da vizinhança para condenar aquela mulher.
Mesmo com tantas dificuldades, a mulher negra procura o seu empoderamento. Eu me encontrei quando parei de botar defeito no meu cabelo e comecei a usar ele mais solto. Foi como a minha libertação. Acredito que muitas mulheres assim como eu passam pelo processo do florescer. É o despertar para si mesmo e a vida. De alguma forma a mulher não deixa mais que o outro invada o seu espaço e a diga como ela deve ser.
Não sei até quanto tempo os nagôs tão difíceis da mulher negra vai perdurar. São séculos de um preconceito enraizado no Brasil e no mundo.
Os questionamentos entre nós são tantos: Por que isso acontece comigo? O que eu fiz de errado? O que o meu corpo tem de errado? Por que o meu estilo incomoda muita gente? O que tem de errado com o meu cabelo e a cor da minha pele?
A nossa resposta é sempre confiando na nossa capacidade e buscando a estruturação da nossa vida.
Nós mulheres negras não somos aquela princesinha, toda delicada com aquele vestido volumoso que a sociedade criou para si como a mulher perfeita.
Nem pretendemos ser. A nossa mente é evoluída o bastante para se acreditar no mundo de faz de conta e ser a princesinha à espera do seu príncipe encantado.
Acho que todos os homens deveriam saber que os tempos são outros e nós mulheres aprendemos todos os dias a sermos independentes.
Mas claro que no período escravocrata não foi bem assim, a nossa liberdade era usurpada pelos senhores de escravos.
Mas por que o título Nagô das Negras? Porque toda essa ideia de caminho traz a percepção e o tanto que a mulher negra andou e tanto tempo que ela levou para chegar até aqui.
Primeiro a mulher negra passa pelo processo da aceitação e depois pelo processo de como lidar com o racismo, seja racial ou estrutural.
A nossa aceitação tem relação em primeiro com o nosso cabelo. Para nós é passada a ideia de cabelo ruim, depois temos as dificuldades ao pentear e o que fazer com nossos crespos. Dificilmente achamos cremes para pentearmos os nossos cabelos. Nas propagandas de cosméticos dificilmente somos representadas.
É um processo doloroso que atinge o nosso psicológico. A mulher é preta, macaca, vagabunda… Todo o tipo de prejulgamentos nós ouvimos. O tempo todo nós temos que nos posicionar diante da sociedade. Nós temos sempre que provar quem somos e que temos o nosso valor.
Ao escrever o Nagô das Negras pude perceber que todas nós temos pontos em comum na nossa história de vida, o preconceito por causa do cabelo, o preconceito por causa da cor da pele, a difícil aceitação por nós mesmo e a nossa família, a alta afirmação diante da sociedade, o salário bem abaixo do homem, a aceitação do corpo e difícil luta contra a sociedade machista.
A nossa história passa pela relação do ser criança, do ser filha, do ser mulher, do ser mãe. Depois a nossa relação com o mercado de trabalho.
Alguns fatos da nossa história são heranças do tempo da escravatura. O trabalho doméstico é um deles, com o fim da escravatura muitas mulheres se viram sem rumo certo com seus filhos nos braços, a escolha que tiveram foi o de continuar com a mesma função que dantes era o trabalho escravo. O trabalho doméstico fora ou dentro de casa é presente na vida de toda mulher até hoje.
No mercado de trabalho muitas mulheres são humilhadas e desprezadas. Nas mídias a mulher ainda tem o estigma de escrava, doméstica, objeto sexual. Em alguns programas de televisão a mulher sempre é associada à pobre da favela, a macumbeira, a gostosa de bunda grande e a mulata do samba. Em quadros humorísticos ela sempre foi à gostosa que passava pelas ruas de roupas curtas, justas e decotes. Para a família se ela andasse em trajes menores ela passava por ‘’puta’’. Sempre tinha alguém da família ou da vizinhança para condenar aquela mulher.
Mesmo com tantas dificuldades, a mulher negra procura o seu empoderamento. Eu me encontrei quando parei de botar defeito no meu cabelo e comecei a usar ele mais solto. Foi como a minha libertação. Acredito que muitas mulheres assim como eu passam pelo processo do florescer. É o despertar para si mesmo e a vida. De alguma forma a mulher não deixa mais que o outro invada o seu espaço e a diga como ela deve ser.
Não sei até quanto tempo os nagôs tão difíceis da mulher negra vai perdurar. São séculos de um preconceito enraizado no Brasil e no mundo.
Os questionamentos entre nós são tantos: Por que isso acontece comigo? O que eu fiz de errado? O que o meu corpo tem de errado? Por que o meu estilo incomoda muita gente? O que tem de errado com o meu cabelo e a cor da minha pele?
A nossa resposta é sempre confiando na nossa capacidade e buscando a estruturação da nossa vida.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Clarisse da Costa
- ASIN: B0BB53F1T7
- Editora: Brunsmarck
- Idioma: Português
- Tamanho: 6823 KB
- Nº de Páginas: 79
- Categoria: Literatura e Ficção
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Nagô das negras, escrito por Clarisse da Costa. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.