Mulheres no Divã

Lacan desenrola no seu percurso de linguagem várias teses elucidativas referente à divisão do sujeito na sexualidade. E nos diz existe um enigma.

Qual enigma?

O enigma da feminilidade.

Os mathemas lacanianos vão se construindo, numa tentativa de ordenação da sexuação para todos os seres falantes e ao mesmo tempo faltantes.

Para Freud, a resposta à questão da atração entre os sexos, está na ausência de uma pulsão genital que designasse para cada um o parceiro sexual. É a resposta edipiana.

Lacan ao matematizar os seres falantes, nos tira da posição de homens e mulheres enquanto seres da anatomia e passamos a existir em posições subjetivas que os seres da fala podem ocupar ante a sexualidade.

Édipo foi reduzido no sentido. Então, nós mulheres somos uma outra coisa: de um além do que.

Seria provocativo dizer que: Édipo faz o homem, mas não consegue fazê-lo por todos nós.

É este enigma que nos atrai, neste livro, o não-todo, e a todas as maravilhosas mulheres, que como eu, desafiam e desfiam todos os dias em sorrisos enigmáticos, ao olharmos para Édipo.

Seriamos nós, mulheres, a própria esfinge?

Decifra-me, ou te devoro.

Ou como bem retratou Leonardo da Vinci o sorriso enigmático da Monalisa?

É o que tentarei discorrer neste pequeno livro, que lhe convido ao gozo da leitura.

Miriã Labutho