Missão Havana

Apresentação do livro, por Arthur Xexéo
Não é por acaso que Roberto Bandite, o protagonista de “Missão Havana”, é cineasta. Ao narrar sua trajetória, ele, algumas vezes, usa a técnica de roteiro de um filme de suspense. Em outras, opta pelos elementos de um filme de ação. De vez em quando, expressa-se como o galã de um filme romântico. Como acontece nas principais obras do cinema contemporâneo, o texto de Rodrigo Bittencourt não se prende a um único gênero. Mistura todos. E é essa sua principal característica.

Se fosse um filme, seria de época, ambientado em Cuba, em 2010. A primeira cena é de impacto e prende logo a atenção do leitor/espectador. O corpo de Maurício Duke é desovado de um Chevrolet Bel Air 1958 em frente ao cine Yara, em Havana. Maurício era o melhor amigo de Roberto. Isso a gente vai descobrir, logo depois, quando, como num bom filme noir, a trama passa a ser contada em flashback. Voltamos uma semana na narrativa para entender como se chegou à trágica cena em frente ao cinema.

Roberto e Maurício correm o mundo fazendo filmes. Naquela semana, estão de férias em Cuba. É lá que vão entrar em contato com uma Havana subterrânea, onde a “Geração Y” atua para denunciar as mazelas da ditadura castrista. É nesse ambiente que Roberto conhece Yasmín, por quem vai viver uma paixão tão arrebatadora que o levará a usar suas armas de cineasta para combater com ela o regime que consideram opressor.

“Missão Havana” é um desabafo. É uma denúncia. Havana não é a que a gente se habituou a ver nos cadernos de turismo ou nas páginas de editorias internacionais. É uma tomada de posição. Rodrigo critica os extremos da esquerda e da direita, mas sem perder a ternura jamais. Sempre que pode, inclui na trama uma trilha sonora que vai do rock de Kurt Cobain ao romantismo derramado de Bethânia.