Mendigo S.A.

Com 36 anos, 10 meses e 22 dias, e um crachá de duas toneladas pendurado no pescoço, Osvaldo acorda na rua depois de uma noite regada a drogas, prostituição e visitas a um hospital com preceitos éticos duvidosos. O que ele não contava, no entanto, era com a quantidade de moedas e notas próximas a ele, intocadas. Outras facilidades como comida grátis e a possibilidade de não ser incomodado por outras pessoas despertam uma ideia completamente inovadora no rapaz sem perspectivas que ganhou, em algumas horas, mais do que um dia de trabalho em uma empresa normal.

Com a ajuda de seu primo, Osvaldo detalha suas atividades em um submundo pouco conhecido da mendicância transformada em emprego, onde tece uma forte crítica social à cultura do vitimismo, que premia as pessoas que tem menos recursos com generosas esmolas e transformou-se em uma espécie de máfia silenciosa no país.

Ao detalhar todos os seus passos, desde o início da composição de sua empresa, até a criação de tentáculos empresariais em mais outras frentes, Mendigo? traça um panorama da corrupção endêmica a que o ser humano ordinário é submetido, onde a prática de atividades ilícitas emerge como o modus operanti empresarial para todos os homens de negócio que não querem se ater às burocracias governamentais.