Memórias de Martha

“Memórias de Martha” é primeiro romance publicado por Julia Lopes de Almeida. No livro, uma autobiografia ficcional, a personagem Martha divide com o leitor as lembranças, agruras e alegrias de sua vida.
Filha única de uma mãe devotada, Martha cresce em um cortiço carioca, no fim do Século XIX. Aterrorizada por todo o ambiente que a cerca, a menina frágil sonha com algo diferente para ela e para a mãe, mas o que poderia desejar para si uma jovem, órfã de pai, em uma sociedade patriarcal?
É ao entrar para a escola que Martha vislumbra um novo mundo e percebe que a partir da educação podem surgir novas oportunidades.
Julia tinha apenas 20 anos quando escreveu Memórias de Martha para um folhetim no jornal carioca “Tribuna Liberal” em 1888. Só em 1899 o texto é publicado como livro. Esta é a versão que trazemos para os nossos leitores, com a ortografia atualizada e notas para tornar a leitura mais fluida.
Um livro singular, escrito por uma mulher e tendo como personagem principal também uma mulher, algo inovador para o período em que foi escrito.
Muitos podem chegar até mesmo a considerar a história de Martha como um spin-off (uma obra derivada) do clássico de Aluísio Azevedo, mas “O Cortiço” só seria publicado dois anos depois da apresentação do folhetim ao público.
Julia Lopes de Almeida foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras e é patrona da cadeira número 26 da Academia Carioca de Letras. Entre seus livros mais conhecidos estão “A Falência”, “A Intrusa” e “Ânsia Eterna”. Lutou pelas causas femininas e pela educação para as mulheres.

“Memórias de Martha. Com este título, que é dos que dão mais do que prometem, escreveu a Exma. Sra. D. Julia Lopes de Almeida uma extensa novela em que uma mulher infeliz conta as suas memórias, narrando os vários acidentes de uma vida de trabalhos e sofrimentos, desde sua mais tenra idade. É uma história singela, comovedora e casta, e que pela sua própria verossimilhança e simplicidade interessa vivamente o leitor.” ─ apresentação do folhetim aos leitores do jornal “Tribuna Liberal” Rio de Janeiro, dezembro de 1888.