Memórias Alcoólicas: lembranças de uma secretária

PRÓLOGO

Beber para ficar sóbria? Beber para estar sóbria!
Quando era criança sonhava em ser secretária. Jamais imaginou que o sonho de fato a perseguiria nem tão pouco que acabaria trabalhando para alguém como Robina Rodrigues; uma mulher histérica e completamente sem razão.
Dinorah Pimenta da Luz, embora ninguém mais que ela precisasse de um farol em seus caminhos. Vivia cega de amor por Fernando Silvestre, que havia se tornado sua obsessão. Como sua vida poderia girar apenas em torno dessas duas pessoas?
Beber parecia que já não adiantava, vivia confusa, triste e insegura. Dormir com estranhos nunca era um problema, desde que estivessem tão ou mais bêbados que ela mesma. Sua vida era uma avalanche de confusão e decepção, queria uma vida melhor, mas não tinha ideia por onde deveria começar.
Não que estivesse resignada ou revoltada, mas tudo à sua volta parecia deixar a desejar, especialmente o seu emprego e tinha a nítida sensação de não se encaixar em lugar algum. Seu corpo vivia dando diversos sinais de que já não aguentava mais aquele modo de vida, implorava que reagisse, porém Dinorah dividia suas forças entre suportar Robina e tentar conviver com a ausência de Fernando.
Nada era fácil e no fundo Dinorah sabia que não valia tanto à pena, que não estava certo deixar a vida passar como se não fosse ela mesma que a vivesse, como se não passasse de um filme barato e cansativo. Não aguentava mais deixar seus sonhos de lado para ver os dos outros sendo construídos nas suas custas. Era preciso pensar em si mesmo às vezes. A liberdade tinha um preço e ela iria descobrir isso não tão cedo e nem tão fácil.