Memórias

O que eu estou me propondo escrever deve ser considerado como um depoimento, o meu depoimento sobre a minha vida, qual o sentido que eu nela enxergo, o que eu penso a respeito de toda essa já longa experiência: a minha origem, o caminho percorrido, as experiências e momentos mais marcantes que vivi, e as lições que essas experiências representam para mim. A sabedoria que só o tempo nos pode dar. E porque faço isto? Por minha própria iniciativa imagino que o que agora estou fazendo jamais faria. Escrever sobre a minha vida? Isto normalmente só pode passar a impressão de narcisismo, vaidade fútil e desprovida de fundamento, pelo menos no meu caso. Sendo assim, explico-me. O que me leva a escrever é um duplo impulso. Um impulso externo provocado pelo meu primo Orozimbo e seu filho Júnior, após um almoço dominical, quando conversamos longamente sobre fatos relacionados com nossa família. Eles me disseram que eu deveria anotar tudo que guardei na minha memória. O resultado disto talvez seja válido para o meu clã, de que tanto me orgulho e tanto amo; Farei o possível para reunir os bons exemplos do passado de forma clara e racional. Mas é preciso ter em mente que na memória o tempo já fez os seus estragos. O outro impulso é interno: A lembrança dos momentos que passei na minha vida e que por circunstâncias devidas à misericórdia do nosso Pai pode se transformar no depoimento, no testemunho de quem sentiu o amor do Pai quando no mundo se encontrou desamparado sem a quem recorrer. Este testemunho-depoimento, poderá ter um alcance além do limite familiar.