O presente trabalho não é um exercício de especulação teórica, mas responde a um contexto preciso em que etnias indígenas da América Latina assumem um protagonismo geopolítico, obrigando a esquerda tradicional do continente a rever seus dogmas sobre o estatuto da produção, do desenvolvimento, do próprio Estado. Ao traçar uma ponte entre a sociedade sem Estado vislumbrada por Marx e a sociedade contra o Estado de Clastres, o autor dá sua tacada inicial, contrarrestando a subordinação da categoria de selvagens aos clichês da dialética histórica. Em um suplementar, relativiza a dicotomia entre Marx e o perspectivismo ameríndio, extraindo um devir-índio no autor de O Capital. Não se trata de uma mascarada filosófica, tal como o fez Deleuze ao pincelar um Hegel filosoficamente barbudo e um Marx imberbe, na esteira do bigode da Gioconda, mas sim de uma aposta política.
Viveiros de Castro, Davi Kopenawa e toda uma antropologia reversa desempenha aqui um papel crucial, ao evitar que a articulação entre as lutas ameríndias e as ciências sociais se dê sob o modo da sujeição ao eurocentrismo apoiado na transcendência e na representação. Fazendo um uso heterodoxo de Mariátegui, Benjamin, Mauss, Lévi Strauss, Ôsvald, Negri e tantos outros, é todo um paradigma ocidental que se vê aqui canibalizado e colocado em xeque, ao sabor e no frescor de uma pesquisa que aceita pensar-se à luz dos combates do presente. – Peter Pál Pelbart
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Jean Tible
- Tamanho: 1467 KB
- Nº de Páginas: 262
- Editora: Autonomia Literária
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Marx selvagem, escrito por Jean Tible. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.