Le Rodeur: A vala dos anônimos

Aos incautos, antes que tomem tudo como uma grande fantasia, saibam que muito do que se contará tem verdade.
De tão extraordinário, o misterioso infortúnio do navio foi noticiado em muitos jornais e anuários da época, desde o Brasil até a Inglaterra e Espanha, inclusive em processo judicial lido com horror na tribuna, mas nenhum com os detalhes que verão.
Desafio-os, ao final, a julgar o que foi verdade e o que não.

Em 1819, o Le Rouder partiu da África. Guedelê é um negro recém tornado escravo, vendido por uma tribo rival e enfiado no porão do navio negreiro rumo à América. Agora, no penoso navio, insiste em prender-se ainda ao ódio de uma vida que não voltará, isso pois em outro negro identifica um membro da tribo que o vendeu. É um miserável que demora a perceber a sua nova realidade.
Com o passar dos dias, Guedelê sofre com fome, sede, tortura e uma série de conflitos, enfrentando a morte todos os dias, mas também sente compaixão e sutilezas de quem não espera, mudando completamente o que ele sempre fora.
Pelas mortes Guedelê sofreu e se aterrorizou. Ironicamente, tocado pelos mortos, Guedelê descobre um outro mundo, sobrenatural, um que ele não sabe o que esperar. Desse contato cheio de rancor e arrependimento, contam que surgiu uma doença, mas o que fez terá consequências, ameaçando o seu destino e de todos no navio.