Lábio Aberto

São versos que compreendem as vicissitudes poéticas de treze anos da vida da autora, que se desenvolveu em meio a (des)amores viscerais e a paixão incondicional pelas artes, e que foi levada para o “mal” caminho por Bukowski e Fante. Não há rimas óbvias sobre amor e nem pretensão de fama e fortuna: apenas o genuíno desejo de mexer com o íntimo das pessoas e transformar, para o bem ou para o mal, a quem se permitir ser transformado.

Em tempos de tentativas de desacreditar e sucatear a arte e a cultura no Brasil, a poesia mostra sua força e importância. E ao lançar Lábio Aberto, a paraense Laisa Kaos contribui para o movimento de resistência, com poesias que falam de arrepios, sensações e medos enquanto dialogam indiretamente com causas como o feminismo e o empoderamento das mulheres.

Aqui me deparei com palavras que ganharam novos sentidos; da chuva comum de uma tarde de quinta-feira ao potinho na geladeira, parecia que a vida ordinária ganhava um respiro poético que não estava aqui antes da leitura. Foi um passeio de montanha russa pela alma de alguém, do qual saí ofegante, porém revigorado. Um tanto mais desavergonhado que antes, e com mais vontade de viver e criar do que nunca – e de dar mais uma volta.

Ao traçar paralelos entre fragilidade e força, medos e desejos, gozo e dor, Lábio Aberto mostra a importância da dualidade dos sentimentos e sensações que permeiam os momentos de nossas vidas.