Durante a construção do meu primeiro romance – Escrevo porque te amo –, estórias paralelas, de personagens diversos, chegavam de contrabando nas lembranças do que havia visto ou ouvido falar nas conversas com membros da família. O risco de a narrativa perder o eixo, dispersando-se num emaranhado de veredas desconexas, era enorme. Ao definir os personagens principais e aqueles que dariam sentido à sua trajetória, fui armazenando os casos secundários num canto da memória. Ficaram ali, adormecidos, compondo uma colcha de retalhos. Publicado o romance, voltaram com força. Os personagens, com contornos mais nítidos, pareciam pedir que sua estória também fosse contada. Amadureceu neste momento o projeto de transformar os casos em contos. Parte deles remetem à pequena cidade de Santana do Indaiá, um espaço sem localização geográfica definida, que pertence ao universo imaginário de experiências vividas ou narradas, mas que não se confundem com o real. Remetem a um tempo histórico difuso, não linear. Os contos reunidos na segunda parte do livro – Parador – situam-se numa metrópole latino-americana, igualmente imaginária, assombrada pela miséria, onde um dos personagens frequenta ambientes sórdidos e se confunde com seu duplo. O militante de um grupo armado, relembra, décadas depois, a luta travada contra a ditadura sanguinária, ao voltar ao ponto da avenida onde seu companheiro caiu nas garras da repressão.
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Os olhos refletidos no espelho transmitem o anseio diante do inevitável, o medo do desconhecido, a angústia pela travessia não preparada, tão precoce como inapelável. O tempo, cada vez mais escasso, segue o batido ritmado do coração, cada vez mais inquieto. Toca a íris projetada na superfície laminada, em busca de uma passagem secreta para o espaço recôndito da alma, à procura do antídoto para sua dor e do fio de luz para sua desesperança. Ah, o tempo!
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Os olhos refletidos no espelho transmitem o anseio diante do inevitável, o medo do desconhecido, a angústia pela travessia não preparada, tão precoce como inapelável. O tempo, cada vez mais escasso, segue o batido ritmado do coração, cada vez mais inquieto. Toca a íris projetada na superfície laminada, em busca de uma passagem secreta para o espaço recôndito da alma, à procura do antídoto para sua dor e do fio de luz para sua desesperança. Ah, o tempo!
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Alex Sgreccia
- ASIN: B0B3S5G9K2
- Editora: Edição do Autor
- Idioma: Português
- Tamanho: 7165 KB
- Nº de Páginas: 199
- Categoria: Contos
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Lá, onde vagam as estrelas – Contos, escrito por Alex Sgreccia. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.