A primeira coisa que pensei foi ‘’estou morrendo’’- acho que essa é a primeira coisa que qualquer um que realmente esteja morrendo pensa. A segunda foi ‘’ que se foda’’- tenho certeza que essa não seria a segunda opção de pensamento, nessa situação, para alguém normal. Posso sentir cada pedaço do que sou indo embora e simplesmente não me importo. Vivi por dezesseis anos, alguns podem pensar que isso é pouquíssimo tempo, mas eu estou exausta, tão tão cansada que isso me faz agradecer pelos meus poucos longos 16…
Sempre me imaginei, nos meus longos dezesseis anos, estando em um sonho estranho, li em alguns livros bizarros que há formas de descobrir se estamos realmente presos como contar os dedos das mãos – caso eles estejam em maior ou menor quantidade, estou sonhando-, ler algumas coisas- caso estejam invertidas, estou sonhando-, no meu caso, eu corro. Corro até que meus pulmões explodam em meu peito, até que minhas pernas se tornem moles e inúteis- caso comece a ver pontos pretos em minha visão causados pela exaustão, não, não estou sonhando. É aí que eu percebo que tudo é real, e é uma bosta de realidade! Eu não sei mais se vivo em uma mentira ou se a mentira vive em mim.
Desde que minha mãe morreu – se ser estraçalhada por faes¹ pode se chamar de morrer-, eu vivo uma mentira. Porque a última coisa que ela me ensinou foi a não confiar em ninguém. ‘’ a única pessoa que você pode confiar é em si mesma e mesmo assim o risco de ser traída é bem alto’’. Eu nunca contei, nunca confiei em alguém para ser completamente sincera sobre mim, porque eu sei, sei que ela foi traída e é por isso que está morta. Escondo-me em mim mesma desde pequena, nunca permitindo que alguém entre, sempre estando a margem de tudo: sorrisos, tristezas, mas a pior coisa, eu sempre estive a margem de mim mesma, sem nunca poder mergulhar a fundo. A única pessoa em que cogitei confiar e contar toda a verdade foi Beatriz, mas isso nunca aconteceu, agora me arrependo. Nunca falei nada a ela não por não confiar – ela é tudo em que posso me segurar-, mas por egoísmo. Beatriz é a única coisa real em toda a minha existência e fui egoísta demais para arriscar isso.
Sei que está doendo e provavelmente elas estejam se perguntando por que não estou fazendo mais um escândalo, só não é meu estilo. Ou talvez seja o fato de que posso sentir a minha garganta em carne viva de tanto que já gritei. Elas estão tirando a minha magia, o que não sabem – ou sabem e simplesmente não se importam-, é que minha magia está entranhada em cada célula do meu corpo, é como se elas estivessem me esfolando de dentro para fora- o que não parece nada bom, não importa a perspectiva em que essa cena é vista. Eu não estou enlouquecendo de dor- já passei dessa fase a alguns minutos atrás- não por estar anestesiada ou algo do tipo, é só que meu quinto teste me ensinou algo sobre a dor, algo que faz com que isso que está ocorrendo agora comigo, não me incomode tanto.
Sinto tudo dentro de mim se esvaindo, ouço a minha própria voz ecoando em minha mente ‘’ então, é assim que vai acabar?!’’. É um tanto mórbido começar uma história dessa forma, e não pense que sou covarde por estar aparentemente aguardando o meu fim, mas, ainda tenho algum tempo – elas ainda tem muito o que drenar, ainda nem conseguiram quebrar minha camuflagem-, e posso te explicar. Poderia começar com meu nascimento, depois ao meu treinamento, a morte da minha mãe e agora a minha. Mas acho que vou começar pelo meio, metade do caminho, inicio de uma vida, final de um… Acho que estou divagando…
Tudo isso começou com um sonho…
Sempre me imaginei, nos meus longos dezesseis anos, estando em um sonho estranho, li em alguns livros bizarros que há formas de descobrir se estamos realmente presos como contar os dedos das mãos – caso eles estejam em maior ou menor quantidade, estou sonhando-, ler algumas coisas- caso estejam invertidas, estou sonhando-, no meu caso, eu corro. Corro até que meus pulmões explodam em meu peito, até que minhas pernas se tornem moles e inúteis- caso comece a ver pontos pretos em minha visão causados pela exaustão, não, não estou sonhando. É aí que eu percebo que tudo é real, e é uma bosta de realidade! Eu não sei mais se vivo em uma mentira ou se a mentira vive em mim.
Desde que minha mãe morreu – se ser estraçalhada por faes¹ pode se chamar de morrer-, eu vivo uma mentira. Porque a última coisa que ela me ensinou foi a não confiar em ninguém. ‘’ a única pessoa que você pode confiar é em si mesma e mesmo assim o risco de ser traída é bem alto’’. Eu nunca contei, nunca confiei em alguém para ser completamente sincera sobre mim, porque eu sei, sei que ela foi traída e é por isso que está morta. Escondo-me em mim mesma desde pequena, nunca permitindo que alguém entre, sempre estando a margem de tudo: sorrisos, tristezas, mas a pior coisa, eu sempre estive a margem de mim mesma, sem nunca poder mergulhar a fundo. A única pessoa em que cogitei confiar e contar toda a verdade foi Beatriz, mas isso nunca aconteceu, agora me arrependo. Nunca falei nada a ela não por não confiar – ela é tudo em que posso me segurar-, mas por egoísmo. Beatriz é a única coisa real em toda a minha existência e fui egoísta demais para arriscar isso.
Sei que está doendo e provavelmente elas estejam se perguntando por que não estou fazendo mais um escândalo, só não é meu estilo. Ou talvez seja o fato de que posso sentir a minha garganta em carne viva de tanto que já gritei. Elas estão tirando a minha magia, o que não sabem – ou sabem e simplesmente não se importam-, é que minha magia está entranhada em cada célula do meu corpo, é como se elas estivessem me esfolando de dentro para fora- o que não parece nada bom, não importa a perspectiva em que essa cena é vista. Eu não estou enlouquecendo de dor- já passei dessa fase a alguns minutos atrás- não por estar anestesiada ou algo do tipo, é só que meu quinto teste me ensinou algo sobre a dor, algo que faz com que isso que está ocorrendo agora comigo, não me incomode tanto.
Sinto tudo dentro de mim se esvaindo, ouço a minha própria voz ecoando em minha mente ‘’ então, é assim que vai acabar?!’’. É um tanto mórbido começar uma história dessa forma, e não pense que sou covarde por estar aparentemente aguardando o meu fim, mas, ainda tenho algum tempo – elas ainda tem muito o que drenar, ainda nem conseguiram quebrar minha camuflagem-, e posso te explicar. Poderia começar com meu nascimento, depois ao meu treinamento, a morte da minha mãe e agora a minha. Mas acho que vou começar pelo meio, metade do caminho, inicio de uma vida, final de um… Acho que estou divagando…
Tudo isso começou com um sonho…
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): GJA Guimarães
- Tamanho: 3979 KB
- Nº de Páginas: 206
- Categoria: eBooks sobre Fantasia para Jovens e Adolescentes
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Kira I: Mentiras, escrito por GJA Guimarães. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.