Isolamento Social e Outros Paradoxos

Os equilibristas bêbados não estão exatamente em seu melhor momento. Com as ruas vazias, não deveriam haver problemas no caminho. Mas pelo que parece, cada esquina está cheia de armadilhas. Ritual se torna burocracia, é necessário se dopar para sentir, verdade é uma questão de opinião. Em um livro de contos, todos os personagens estão sempre ligados, por mais que não gostem disso. Tudo que é comédia, lamenta o palhaço, acaba inevitavelmente em tragicomédia.

O cenário da pandemia do COVID-19 desvela as quimeras que habitam o cotidiano. A partir dos paradoxos das organizações sociais, podemos encontrar o surreal em cada esquina, nos protestos gigantescos, na infinitude do digital e no isolamento de cada ser humano. Isolamento social e outros paradoxos traz uma abordagem única do século XXI ao tratá-lo dentro de suas características fundamentais (a quarta revolução industrial, a globalização, a internet, os novos empregos, as novas mídias de massa), mas sem desvinculá-lo de toda a história que o produziu, conectando o novo milênio às raízes da humanidade e a fragmentação pós-modernista da vida a uma unidade complexa e contraditória da civilização. Da metrópole à floresta, do presidente ao caixa de supermercado, há uma fissura pela qual pode-se estabelecer contato com o mundo, e é aí que entra a literatura, produzindo ilusões que tornam a vida real.