Interditado

No primeiro dia de um mochilão pela América do Sul, ao lado da namorada vinte anos mais velha, o jovem inspetor de alunos Célio é tomado por um estranho sentimento de culpa: ele está em frente ao Café Brasileiro, em Montevidéu, mas não consegue entrar, apesar do frio e da fome. Paralisado, compara-se com seus familiares — uma mãe solteira, uma irmã desempregada e um tio com problemas mentais — que levam uma vida sem perspectivas na Baixada Fluminense, o que faz sentir-se um traidor. Célio foi adolescente nos anos 2000 e teve oportunidades que outras gerações não tiveram, conseguindo uma leve ascensão social, e abrindo um abismo entre seu modo de vida e o de seus familiares. O mochilão é o ápice dessa disparidade. Interditado é um romance sobre estratégias para enfrentar a culpa por estar vivendo os próprios desejos. No caso de Célio, essa estratégia se compõe num paradoxo: ele terá que voltar pra casa, se quiser continuar a viagem.