Integração regional e multilateralismo: JANUS 2015–2016 anuário de relações exteriores
Por Luís MoitaO caso da crise europeia nas suas várias dimensões é um bom exemplo dos limites deste anuário. É um tema de tanta acuidade, de impactos tão fortes no espaço europeu e muito para além dele, que mereceria ser aqui desenvolvido. Mas já dedicámos a ele o JANUS 2013 (“As incertezas da Europa”) e optámos por não o elaborar de novo em pormenor, focando o nosso olhar noutros pontos onde também se faz sentir a turbulência internacional, desde o Médio Oriente ao Mar da China.
No segundo capítulo a nossa observação espalha-se pelas variadíssimas geografias dos nacionalismos, em si mesmos considerados através de alguns casos exemplares, mas também naquelas situações onde o sentido identitário das comunidades provoca intenções separatistas. Alguns desses casos estão próximos de nós, como o da Escócia ou da Catalunha ou mesmo o do Chipre; outros são mais distantes e certamente mais difíceis de analisar como os que ocorrem na África e na Ásia; outros ainda assumem aos nossos olhos um carácter delirante, como o da Padânia no norte de Itália. Seja como for, essa mesma variedade de situações comprova que a globalização, mesmo generalizando-se, aparentemente é compatível e porventura até mesmo provoca os processos de fragmentação. Um mundo mais unificado não é necessariamente um mundo mais uniformizado, o que representa seguramente uma vantagem, já que o respeito pelas identidades e o direito das minorias são pontos obrigatórios da nossa convivência comum.
Todavia, se assistimos a segregações e a separações, talvez mais ainda a cena internacional assista a processos de fusão, de agregação, de integração. O fenómeno da multiplicação de organismos de cooperação interestatal teve momentos altos em décadas anteriores, mas continua a ser uma característica do sistema mundial dos nossos dias. Uma das grandes mutações desse sistema no último meio século foi justamente a da emergência do multilateralismo, pela criação de organismos ora globais ora de escala regional, que constituem a estrutura basilar, as verdadeiras artérias, da chamada comunidade internacional. Se isso é visível nos campos da política e da segurança, mais visibilidade adquire no terreno económico, na medida em que se diria que o sistema económico dos nossos tempos tende a ultrapassar as fronteiras dos Estados nacionais e a consolidar-se em espaços mais vastos. Daí a multiplicidade das estruturas de integração económica regional, como novos territórios de uma também nova geografia – a da geopolítica e a da geoeconomia. O último capítulo deste anuário, ao tratar os fenómenos da integração regional e do multilateralismo, procura dar conta desta dinâmica de cooperação entre países, nas suas ambiguidades também nas suas capacidades.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Luís Moita
- Tamanho: 2847 KB
- Nº de Páginas: 499
Amostra Grátis do Livro
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