Imortais

Antes das primeiras canções serem cantadas, as florestas eram vastas e a vida selvagem.
Do estreito oceânico do norte até as vastas cordilheiras ao sul, as terras de Keldor eram tomadas por incontáveis seres e animais. Dentre esses seres, os mais curiosos não eram aqueles que possuíam os corpos mais avantajados ou garras e dentes, mas, aqueles que contavam apenas com uma coisa para sobreviver: sua inteligência.
Estes seres variavam em espécies – denominadas raças. Uns, viviam em comunhão com o mundo natural, tiravam dele o sustento que precisavam e construíam seus lares apoiados no abraço verde das florestas do sul. Outros pareciam mais atrapalhados para lidar com o mundo ao seu redor, mas, possuíam uma absurda capacidade de se adaptar a praticamente qualquer ambiente. Havia uns pequenos e geniais, outros grandes e turrões.
Logo, estes povos desenvolveram técnicas para sobreviver naquele mundo hostil. E uma dessas técnicas foi unir-se.
Então surgiu Thalmar – A cidade Dourada. Batizada assim por seus próprios idealizadores. O bastião dos primeiros Homens, Sivares, Gnomos e dos Titãs.
E em meio à idade dourada de Keldor surgiu também a ganância, as diferentes religiões, a adoração por outros Deuses e a capacidade de criar seus próprios Deuses.
Logo veio a Guerra. E com a guerra veio a fome, a peste, a xenofobia entre as raças e a separação definitiva da grande aliança da cidade dourada.
Neste tempo de calamidades, os irmãos Deuses deixaram de olhar por seus filhos e recolheram-se às suas moradas…
Séculos se passaram e os impérios surgiram.
O mundo foi dividido por divisas territoriais, entre as raças inteligentes. Os animais já não eram mais ameaça, a tecnologia provinha o que os povos precisavam para vencerem as feras. Os Eladrins desenvolveram o poder da magia, uma forma de controlar o Éter – a energia que permeia todos os seres e todas as criações da natureza. Os Gnomos criaram a engenharia e a tecnologia, descobriram a pólvora e desenvolveram sistemas complexos. Os homens tomaram a maior parte do continente e se esconderam atrás de suas muralhas e politicagens. Os Titãs já não eram mais necessários naquele mundo, séculos de evolução fizeram-nos encolher e então eles se foram para as montanhas e tornaram-se os famosos anões da época atual.
Assim, Keldor seguiu seu rumo. Um continente dividido entre a tênue linha das diferenças raciais e da paz.
Ao menos até pouco tempo atrás…
Da noite para o dia, todo o ouro existente no continente desapareceu em um Cataclismo que ficou conhecido apenas como “Escoadouro”. Mesmo enfeites ou jóias banhadas a ouro sumiram.
Os impérios e a máquina comercial despencaram. Os salários pagos em cobre e prata subitamente se tornaram caros demais para qualquer empregador manter e os reinos dos Homens ruíram.
Muitos pesquisadores, estudiosos e pensadores pesquisaram noite e dia sobre o problema. Investigações gigantescas pagas por reis foram feitas. Bruxas foram queimadas em fogueiras pela religião na busca da solução para o misterioso acontecimento.
Então, sem sucesso em sua busca, os homens decidiram que: se o ouro havia sumido, alguém estava com ele. Se não estava com os Homens então teria de estar com outra raça.
Uma guerra mundial sem precedentes se iniciou.
Reis e rainhas caíram, dinastias de séculos foram derrubadas e nada foi descoberto…
Hoje, muito tempo depois, o Escoadouro é apenas uma lembrança de um tempo remoto. Onde a riqueza e a exuberância tornavam os dias menos cinzas. A guerra entre as raças ultrapassou a fronteira da cobiça, ninguém sabe ao certo porque a guerra continua, nem porque se iniciou.
Ninguém nunca soube ou encontrou parte alguma do ouro perdido…
Ninguém a não ser por um pequeno grupo de pessoas, tão diferentes entre si que nada – a não ser o destino – poderia ter unido. Quatro homens e um goblin.
Membros de um estranho e famigerado grupo de aventureiros.