A VILLA 13 de novembro Ouço sempre o mesmo ruido de morte que devagar roe e persiste… Uma villa encardidaruas desertaspateos de lages soerguidas pelo unico esforço da ervao castelorestos intactos de muralha que não teem serventia: uma escada encravada nos alveolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos intersticios das pedras e d’ellas extrae succo e vida. A torrea porta da Sé com os santos nos seus nichosa praça com arvores rachiticas e um coreto de zinco. Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. Nos corredores as aranhas tecem imutaveis teias de silencio e tedio e uma cinza invisivel, manias, regras, habitos, vae lentamente soterrando tudo. Vi não sei onde, n’um jardim abandonadoinverno e folhas seccasentre buxos do tamanho d’arvores, estatuas de granito a que o tempo corroera as feições. Puira-as e a expressão não era grotesca mas dolorosa. Sentia-se um esforço enorme para se arrancarem á pedra. Na realidade isto é como Pompeia um vasto sepulchro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos… Sob estas capas de vulgaridade ha talvez sonho e dôr que a ninharia e o habito não deixam vir á superficie.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Raúl Brandão
- ISBN-10: 9722523023
- ISBN-13: 978-9722523028
- ASIN: B00CUKU7PQ
- Editora: Library of Alexandria
- Idioma: Português
- Tamanho: 650 KB
- Nº de Páginas: 225
- Categoria: História
Amostra Grátis do Livro
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