Histórias do Mercado

As crônicas de PC, acrônimo pelo qual o autor deste livro é carinhosamente conhecido, são frutos de uma longa experiência no jornalismo, de onde sai a matéria-prima para a sua literatura. No entanto, a criatividade é vocacionada. Paulo Clóvis é, de fato, e de direito, um escritor, com o peso e o significado correspondentes à palavra. E ser escritor é, salvo engano, reconhecer o universal na aldeia, na província ou, no seu caso, na Ilha de Santa Catarina. De forma mais pontual, no Mercado Público de Florianópolis.

Suas histórias são cirúrgicas, contundentes mas ornamentadas com o típico humor mané, que transcende o local quando, entre os personagens, o leitor se depara com a americaníssima Liza Minelli, levada pelo músico Luiz Henrique Rosa ao corredor das peixarias quando ela esteve na cidade, em 1979.

PC complementa: “Se João Gilberto, anos antes, era quase um desconhecido ao tocar no bar do Goiano, Luiz Henrique, outro nome de peso na bossa nova, com carreira brilhante na terra do Tio Sam, circulava em Florianópolis como uma sumidade, apesar de ser santo de casa, aquele que passa por pouco mais que um sacristão de capela.”

A aldeia ainda é aqui, e não é mais. O provinciano continua pelas redondezas, mas já atravessou a fronteira. O global se alimenta do local como bem testemunham e se misturam a narração histórica e o timbre jornalístico de Paulo Clóvis Schmitz, um indiscutível “santo de casa” universal. (Jornalista Artêmio Reinaldo de Souza)