Histórias de Terror da Idade Média (Clássicos do Horror Livro 7)

A Idade Média produziu algumas boas narrativas que poderíamos, nos dias de hoje, inserir nas categorias do fantástico e do terror.

“O Vaso Macabro”, do grande escritor toscano Giovani Boccaccio, é uma trágica e lúgubre narrativa. O fantasma de um jovem traiçoeiramente assassinado aparece à sua amada, revelando segredos que a induzem a atitudes de indizível morbidez.

“A História de Sidi Norman”, das “Mil e Uma Noites”, é um conto que aborda entes perniciosos como feiticeiras e ghilan (ou ghouls), estes últimos entidades demoníacas que atacam e devoram seres humano e que, na falta dessas presas, alimentam-se de cadáveres exumados das entranhas dos cemitérios.
Também integrante das “Mil e Umas Noites”, “Simbad e o Velho do Mar” conta a história de um náufrago terrivelmente escravizado por uma maligna e tirânica criatura.

“O Mago e o Deão”, do príncipe castelhano Juan Manuel, a despeito de seu caráter moralizante e exemplar, é um primor do conto fantástico. A sua estrutura narrativa é incrivelmente moderna e parece antecipar o estilo que celebrizou séries como “Além da Imaginação” (“The Twilight Zone”) e “Histórias Maravilhosas” (“Amazing Stories”).
O Diabo sempre esteve presente no cotidiano da Idade Média, armando as suas nefandas armadilhas e ludibriando os homens. A um homem que perdeu a sua fortuna, promete o demônio ajudá-lo na recuperação de suas riquezas. Os contos “O Amigo do Demônio”, do infante Dom Juan Manuel, e “O Cavaleiro e o Pacto com o Diabo”, atribuído ao frade de Alcobaça Hermenegildo de Tancos, abordam este assunto tão caro ao espírito medieval. Esta última narrativa talvez se constitua num dos mais antigos textos em prosa do galego-português. A versão que ora apresentamos está um quê modernizada, mas, no apêndice, damos ao leitor o texto escrito em português arcaico. Os contos de Juan Manuel e Hermenegildo de Tancos, conquanto semelhantes, têm desfechos opostos. Se no conto do padre português há redenção, no do príncipe espanhol a astúcia do Diabo, para a desgraça de quem nele confiou, resulta prevalecente.

Conteúdo: “O Vaso Macabro” (Giovanni Boccaccio), “A História de Sidi Noman” (Anônimo), “Simbad e o Velho do Mar” (Anônimo), “O Mago e o Deão” e “O Amigo do Demônio” (Juan Manuel de Castela), “O Cavaleiro e o Pacto com o Demônio” (Frei Hermenegildo de Tancos).

Tradução e adaptação: Paulo Soriano.