HISTÓRIA DAS SOCIEDADES SECRETASDO EXÉRCITO E DAS CONSPIRAÇÕES MILITARES QUE VISAVAM DESTRUIR O GOVERNO DE BONAPARTE

Vou contar a história de uma Sociedade Secreta, cujo segredo está tão bem guardado, que até o seu nome não é tão conhecido fora do seu próprio seio, embora estivesse várias vezes quase a influenciar o destino do mundo. Sou membro desta Sociedade Secreta, e estou ligado às suas leis pelos compromissos mais sagrados. Com que direito ousaria portanto revelar à França e à História, e qual poder superior me libertou das promessas que lhe fiz, quando se dignou em admitir-me nos seus projectos e nos seus mistérios? Respondo que a existência desta Sociedade nunca foi mais do que temporária; que a Sociedade tinha o objectivo de Restauração que cumpriu, e que a partir do momento em que falha o objectivo, entra na categoria de instituições normais deste tipo; que as revelações que são objecto da minha obra visam apenas a influência histórica desta Sociedade, na acção dos seus principais membros, nas visões e carácter dos chefes; que não comprometem nem a sua doutrina, nem as práticas; nem os sinais de reconhecimento, nem o lugar destas reuniões, nem o nome dos homens distinguidos pelo espírito ou pela bravura, que ainda hoje embelezam a instituição; que apenas posso mencionar os mortos, e sempre de uma maneira gloriosa para a sua memória. Enfim, acrescento, para completar a minha justificação, que não há uma Sociedade Secreta que não tenha sofrido a impressão dos seus anais, e mesmo a dos seus estatutos e da sua disciplina interior. Os meus juramentos não me prenderam de uma maneira tão estrita que não possa nomear um corpo respeitável que tinha assembleias conhecidas em diferentes partes do mundo, sem esconder a sua existência; e se este nome aparecer pela primeira vez num livro, não julgo que me possam censurar por ter sido o primeiro em quebrar o silêncio que o mantinha escondido, quando, de facto, este silêncio não é obrigatório nos estatutos e regulamentos da ordem.