Frei Januário: O Roncolho de Ouro

“Há quem diga quando a mulher estava zangada com os “caneiros” (quem não paga as contas no brega) arrombava as portas dos quartos, expondo seus peitos duros, bicos do tipo ferrão, que os caloteiros se mijavam de medo e pagavam o débito sem pechinchar.
Ocorreu em Juazeiro um perereco no meio do salão com um velho sonso, conhecido como Pedrão da Cacimba, que teve sua vista esquerda vazada pela teta ofensiva da chefona Maria Peito de Aço.” Capitulo 3

“De repente, como surgindo do nada, eis que aparece Amorzina do Bundão, rapariga de grande linhagem, aposentada, cansada de guerra, conhecida por toda a cidade de Ilhéus; “fazia a vida” na Rua do Dendê e gostava de “fazer amor” com os gringos e coronéis do cacau. Após a “aposentadoria” tornou-se exímia em tricô, esquecendo das agulhadas que recebera na “periquita” com gosto de chocolate.
Ao tomar conhecimento dos casos do maldito, procurou o pessoal das casas de mulher de vida livre a fim de se inteirar com mais detalhes do que de fato havia acontecido, pois tinha desconfiança da presença do demônio em forma de gente que atanazou o juízo das “meninas” da zona do cacau.” Capitulo 5

“Mesmo com a vida humilhada, os camaradas de roça de cacau, exímios trabalhadores que somente enriqueciam os desapiedados patrões, havia ocasiões para externar seus sofrimentos através de constantes poesias satíricas que eram recitadas disfarçadamente.
Os pobres negros mantinham idêntica prática, forçados a criar nomes iorubas para os santos da Igreja Católica e a formar quilombos – povoações escondidas -, prova de resistência aos senhores donos de engenho, o que foi outro período negro na história brasileira.
“Nóis prantou cacau. Macacos ajudou Coroné sem piedade Nossa roça nos tomou. É isso mesmo Que averá de sê Nóis tabaiá Pra coroné comê.”
Certa feita um filho de um “Coronel”, lá pelas bandas de Alcobaça ou Nova Viçosa, salvo o engano, descabaçou violentamente (estupro) uma filha de um camarada de roça. ” Capitulo 51