FRANKLIN TÁVORA E O SEU TEMPO

Franklin Távora nasceu no Ceará em 1842. Tinha cinco anos de idade quando seus pais mudaram-se para Pernambuco. Aos 34 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde morreu em 1888. Trabalhou como tipógrafo, revisor de provas e repórter, chegando a editor e fundador de vários jornais recifenses. Após obter o grau de bacharel pela Faculdade de Direito do Recife, elegeu-se deputado provincial e ocupou cargos de relevância no Governo e na Justiça de Pernambuco. Foi também Oficial da Secretaria do Império.
Começou a vida pública lutando pela liberdade do ensino e pela libertação dos escravos. Foi opositor de Dom Vital durante a Questão Religiosa, que culminou com a prisão do Bispo de Olinda e Recife. Enfrentou, no campo da crítica literária, José de Alencar, o mais importante escritor de então. Em 1883, com outros escritores, fundou, no Rio de Janeiro, a Associação dos Homens de Letras, de vida efêmera, mas que, a partir de 1897, com a criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), sob a liderança de Machado de Assis, renasceu, na prática, o antigo ideal de terem os escritores brasileiros uma instituição literária de cunho nacional. Franklin Távora é o patrono da Cadeira 14 da centenária ABL.
José de Alencar, Bernardo Guimarães, Alfredo Taunay e Franklin Távora figuram como romancistas que trouxeram à literatura brasileira o gosto pelo sentimento da natureza, evocando, pela primeira vez, a paisagem aliada ao enfoque de personagens como o sertanejo, o matuto, o gaúcho, o bandido, o cangaceiro, o jagunço, etc.
Távora cultivou quase todos os gêneros literários, mas foi com os romances Um Casamento de Arrabalde, Sacrifício, O Cabeleira, Lourenço e O Matuto que conquistou lugar definitivo na história da literatura brasileira.
Esta é a primeira biografia densa e abrangente sobre a vida e a obra de Franklin Távora. Baseada em detalhada e exaustiva pesquisa realizada por Cláudio Aguiar, resultou na fixação de amplo painel que quase abarca as últimas cinco décadas do século XIX, sem dúvida, as mais significativas da história brasileira. Durante essa fase, entre outros fatos, consolidou-se o Segundo Império, eclodiram revoltas e movimentos revolucionários, lutou-se pela libertação dos escravos e pela proclamação da República.
O poeta e crítico Antonio Carlos Secchin, membro da Academia Brasileira de Letras, prefaciador dessa obra, assim resumiu esta biografia: “Num estilo fluente, Cláudio Aguiar cumpre o que o título do livro promete: traçar o retrato de Franklin Távora, sim, mas “e(m seu tempo”. É rigorosa a reconstituição do ambiente mental do Brasil nas últimas décadas do século XIX, flagrado em sua expressão literária, e nos terrenos, igualmente frequentados pelo escritor, do debate político e do sistema de ensino do país. Tampouco foram omitidos alguns vastos painéis da política internacional do período, consignados por meio de uma sábia teia de articulações que enlaça a Europa, a Corte fluminense e a Província. Por tudo isso, o estudo de Cláudio Aguiar redimensiona não apenas a obra de Távora, como também propicia e desenvolve uma ampla reflexão sobre a representatividade do homem de letras no âmago das relações entre literatura e o poder no Brasil Imperial.”