FRAGMENTOS DO CAOS
Por EVAN DO CARMO O EMERGIR DO CAOS NA CONSUBSTANCIAÇÃO DO SER
A vida que nós recebemos nos foi dada não para que simplesmente a admiremos, mas para que estejamos sempre à procura de uma nova verdade escondida dentro de nós.
(Leon Tolstói)
Sol a pino. Vermelho igual labareda de fogo lambendo as coivaras no meio da roça. Dias assim a minh’alma se in_quieta. Ressurge o desejo de voo. O peito parece caminho de procissão. As palavras tamborinam por dentro pedindo passagem. O coração se desmantela todo. Os meus olhos (de salamandra negra escondida entre as brechas do barro em parede de taipa) parecem duas jangadas no vai-e-vem das ondas pelo cair da tarde. Dias assim sou pouco hospitaleiro. Entrincheiro-me em brabeza e valentia, igual os ‘cabras’ de Lampião na rudeza da caatinga, ante o frio olhar dos volantes.
Foi em um dia igual a este que Evan do Carmo me enviou o seu livro “Fragmentos do caos”. Li sem pestanejar. A um só fôlego. Feito um sertanejo nordestino elevando suas preces ao provedor da chuva. A alegria foi tanta que o sol, de súbito, se derreteu em intensa água. Abrandando a minh’alma aos meus assentos de terra. Em uma gastura humana familiar. No mesmo instante o jogo cruzado da vida e da morte me apanhou o ser em um empréstimo de afeto. Fui me des_gastando aos poucos. Lendo devagar. Colonizando-me aos amarres do existir em uma vicissitude de abelha sugando uma flor.
Apreciei o livro como se fosse uma canoa sobre as corredeiras de um rio. Respeitoso. Furtivo. Bravio. Esperançoso. Feito sombra que o corpo projeta. Desprovido de solo, raízes e húmus. Palavras não podem traduzir. Evan do Carmo agasalha cada texto em uma arrumação de casa e arranjo de fé. Aludindo seus escritos aos nossos abismos sem fim. Como se fossem fendas ordenando as nossas des-ordem de ser. Em uma conotação de imprevisível caos. Incorporando-nos a um processo de contínua re-construção “Já faz alguns anos que me afastei da minha parentela, nunca mais falei com meus pais.”
Nestes “Fragmentos do caos” o ser humano é um sistema caótico rebocado de esperança “Irei rever minha cidade, parentes, primos e primas, uma multidão de pessoas que não faz mais parte da minha vida.” Evan do Carmo nos aponta que “mas cedo ou tarde nos revelamos para o mundo, temos a nossa própria identidade, que vive por um tempo acanhada, subjugada e angustiada, sofremos secretamente pelo fato de não vivermos quem somos de fato. Contudo, chega este tempo glorioso, em que nos enchemos de coragem moral e gritamos para o mundo, revelamos o que somos no íntimo.”
Há uma tematização de coisas no livro que nos deixa à beira da morte. Tanto por perplexidade e assombro quanto por desprendimento e destemor. Evan do Carmo costura em cada crônica, mesmo que aleatória e circunstancial, os seus constructos de ser. Seus arranjos de existir. Suas internas buscas existenciais. Percebemos os rumos sem sabermos das chegadas. Cada acontecimento se propaga de forma singular “cada um com sua peculiaridade, cada cena com que me deparava, revelava-me um mundo novo. Foi mágico, incomum (…) guardei no coração algo que jamais esquecerei.”
O contexto narrativo nos surpreende pela força. Seja em ocupação ou em pertencimento. Tudo se irrompe em possibilidades. Apontando-nos as expectativas. Seja em abnegação. Seja em despertamento. Seja em compreensão. Tudo se avoluma diante de nossos olhos, dignamente, em atos de fé e coragem. Em sentimento de heroicidade “meu pai era alto e moreno, tinha ombros largos como eu, era um homem bonito, mas não me recordo que alimentasse alguma vaidade nem vícios. Trabalhava incansavelmente.” O caos vivencial de Evan do Carmo desperta o que de mais humano há em nós.
A vida que nós recebemos nos foi dada não para que simplesmente a admiremos, mas para que estejamos sempre à procura de uma nova verdade escondida dentro de nós.
(Leon Tolstói)
Sol a pino. Vermelho igual labareda de fogo lambendo as coivaras no meio da roça. Dias assim a minh’alma se in_quieta. Ressurge o desejo de voo. O peito parece caminho de procissão. As palavras tamborinam por dentro pedindo passagem. O coração se desmantela todo. Os meus olhos (de salamandra negra escondida entre as brechas do barro em parede de taipa) parecem duas jangadas no vai-e-vem das ondas pelo cair da tarde. Dias assim sou pouco hospitaleiro. Entrincheiro-me em brabeza e valentia, igual os ‘cabras’ de Lampião na rudeza da caatinga, ante o frio olhar dos volantes.
Foi em um dia igual a este que Evan do Carmo me enviou o seu livro “Fragmentos do caos”. Li sem pestanejar. A um só fôlego. Feito um sertanejo nordestino elevando suas preces ao provedor da chuva. A alegria foi tanta que o sol, de súbito, se derreteu em intensa água. Abrandando a minh’alma aos meus assentos de terra. Em uma gastura humana familiar. No mesmo instante o jogo cruzado da vida e da morte me apanhou o ser em um empréstimo de afeto. Fui me des_gastando aos poucos. Lendo devagar. Colonizando-me aos amarres do existir em uma vicissitude de abelha sugando uma flor.
Apreciei o livro como se fosse uma canoa sobre as corredeiras de um rio. Respeitoso. Furtivo. Bravio. Esperançoso. Feito sombra que o corpo projeta. Desprovido de solo, raízes e húmus. Palavras não podem traduzir. Evan do Carmo agasalha cada texto em uma arrumação de casa e arranjo de fé. Aludindo seus escritos aos nossos abismos sem fim. Como se fossem fendas ordenando as nossas des-ordem de ser. Em uma conotação de imprevisível caos. Incorporando-nos a um processo de contínua re-construção “Já faz alguns anos que me afastei da minha parentela, nunca mais falei com meus pais.”
Nestes “Fragmentos do caos” o ser humano é um sistema caótico rebocado de esperança “Irei rever minha cidade, parentes, primos e primas, uma multidão de pessoas que não faz mais parte da minha vida.” Evan do Carmo nos aponta que “mas cedo ou tarde nos revelamos para o mundo, temos a nossa própria identidade, que vive por um tempo acanhada, subjugada e angustiada, sofremos secretamente pelo fato de não vivermos quem somos de fato. Contudo, chega este tempo glorioso, em que nos enchemos de coragem moral e gritamos para o mundo, revelamos o que somos no íntimo.”
Há uma tematização de coisas no livro que nos deixa à beira da morte. Tanto por perplexidade e assombro quanto por desprendimento e destemor. Evan do Carmo costura em cada crônica, mesmo que aleatória e circunstancial, os seus constructos de ser. Seus arranjos de existir. Suas internas buscas existenciais. Percebemos os rumos sem sabermos das chegadas. Cada acontecimento se propaga de forma singular “cada um com sua peculiaridade, cada cena com que me deparava, revelava-me um mundo novo. Foi mágico, incomum (…) guardei no coração algo que jamais esquecerei.”
O contexto narrativo nos surpreende pela força. Seja em ocupação ou em pertencimento. Tudo se irrompe em possibilidades. Apontando-nos as expectativas. Seja em abnegação. Seja em despertamento. Seja em compreensão. Tudo se avoluma diante de nossos olhos, dignamente, em atos de fé e coragem. Em sentimento de heroicidade “meu pai era alto e moreno, tinha ombros largos como eu, era um homem bonito, mas não me recordo que alimentasse alguma vaidade nem vícios. Trabalhava incansavelmente.” O caos vivencial de Evan do Carmo desperta o que de mais humano há em nós.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): EVAN DO CARMO
- ISBN-10: 1726289958
- ISBN-13: 978-1726289955
- ASIN: B07WD647RR
- Idioma: Português
- Tamanho: 650 KB
- Nº de Páginas: 231
- Categoria: Fantasia, Horror e Ficção Científica
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro FRAGMENTOS DO CAOS, escrito por EVAN DO CARMO. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.