Filmosofia em The Matrix

The Matrix — a famosa ficção distópica das irmãs Wachowski — é um marco no cinema mundial. Este livro pretende ajudar a interpretar essa original tetralogia por meio de um modelo chamado de filmosofia: uma reflexão orgânica sobre personagens e temas apresentados na obra. Essa metodologia explora a maestria imaginativa e imaginante do filme, trabalha os filmes pela sua capacidade logopática (razão e sensibilidade) e como instrumento semiológico (simbólico) que nos convida a pensar mais criticamente. Meu trabalho foi elencar os pontos que favorecem esse modelo: mitologia, religião, literatura, antropologia, moral, filosofia (ceticismo), naturalização da mente, inteligência artificial e transumanismo.

Sobre Matrix, engana-se quem pensa que a produção é exclusivamente de ação, apesar da predominância de cenas com lutas e perseguições. A obra das irmãs Wachowski possui narrativas subliminares questionadoras da nossa sociedade e de nossas escolhas. Uma delas explora certos fatos contingentes sobre o nosso modo de adquirir e testar as nossas crenças, bem como raciocinar a respeito delas. Assim, entre outros aspectos, destaquei o ceticismo no comportamento do personagem Neo (Keanu Reeves) que nos lembra o do filósofo Pirro de Élis.

Em Filmosofia em The Matrix o objetivo é melhor compreender essa obra multitemática e filosófica. Penso que a ficção científica, entre outros recursos dos gêneros artísticos cinematográficos, pode ser um poderoso veículo para sentimentos revisionistas e reflexivos, pois ela desperta perspectivas e boas discussões ao questionar as ideologias dominantes em nossa sociedade.

Como já dizia Nietzsche, “não há verdades, apenas interpretações”. Isto considerado, leia nosso livro e bem-vindos ao mundo das interpretações.

Robson Araújo