FERNANDO PESSOA & HETERONÍMIA: A TRANSA (HOMO)ERÓTICA
Por Felipe GarciaA obra de Fernando Pessoa revela a capacidade inimitável do poeta de se despersonalizar em muitos seres e, consequentemente, de reinventar-se do ponto de vista do estilo, dos temas e, sobretudo, do sujeito. Sem dúvida, a sexualidade não poderia ficar de fora desse projeto íntimo/literário pessoano, portanto, cada outro-eu, cada heterônimo, tão “diferentes” de Pessoa, deveria possuir um sexo, um gênero.
E se os poetas falam de amor, de relações físicas e corporais em seus textos, a temática (homo)erótica em Fernando perpassou seus poemas e sua vida, e, como ele era mestre na arte do fingir, o homoerotismo se tornou mais um mistério potencializado dentro de seu universo criativo, mais um elo até então desconhecido na sua composição heteronímica.
Por que ignorar o ser (homo)erótico pessoano ou até mesmo colocá-lo em uma posição menos importante em relação à concepção estética de sua obra? Qual foi o tipo de crítica (ou crítico) que relegou para último plano o sexo em Pessoa, o homoerotismo em Pessoa? Sem dúvida, como verás neste livro, em compilações de poemas, cartas, correspondências entre heterônimos e suas publicações, comentários, análises, que o tema, para Fernando, sempre foi de gigantesca importância e até inquietação profunda, constante, e o perseguiu durante toda sua vida/obra, e não apenas em uma fase inicial de sua juventude.
Sendo Pessoa um crítico ferrenho dos bons costumes, da boa literatura, dos temas universais, não seria o homoerotismo a mais coerente das opções do poeta para construção de seus heterônimos? E, como apresentei neste livro, não seria, para ele mesmo, Fernando, de maneira engenhosamente elaborada, um tema a ser explorado de todas as maneiras, uma vez que foi silenciado por séculos?
E para que este livro fosse possível, para que, enfim, o homoerotismo fosse descortinado em Pessoa e colocado na posição merecida em sua obra, como um tema que o atravessa de extremo a extremo e tem grande relevância na composição heteronímica do poeta, precisei aguçar o meu olhar baseando-me em muitos críticos de Fernando, e filósofos, como Deleuze e Foucault; sociólogos, como Bourdieu e Bauman; pensadores, como Didier Eribon, Francisco Ortega, escritores como Rimbaud, Verlaine, Baudelaire, Oscar Wilde, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro; enfim, uma gama de vozes que lançaram uma luz intensa sobre o tema presente na vida-obra pessoana.
Os leitores, ao se debruçarem nesta obra, além de conhecerem um Fernando Pessoa íntimo, homoerótico, poderão também compreender o que é homossexualidade, homoerotismo, gay, queer, gênero e como esses temas transitam pela literatura e, sobretudo, estão na poesia.
Fernando Pessoa & heteronímia: a transa (homo)erótica despe Fernando carinhosamente, o mostra em sua faceta mais criativa, mais afetiva e múltipla, que é a do sexo, do corpo, da busca pelo prazer inominável de ser mais do que um sujeito limitado ao corpo único que lhe é dado pela existência, ou de uma única alma que lhe é atribuída.
É a transa pessoana que lhe confere multiplicidade, entre ele e suas crias.
Fernando se (re)produz (homo)eroticamente ao se desdobrar no corpo desejante de cada eu-escrito, vivido, possuidor de uma sexualidade transgressora e reinventada.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Felipe Garcia
- ISBN-10: 8547319263
- ISBN-13: 978-8547319267
- ASIN: B085WBXJQM
- Editora: Appris
- Idioma: Português
- Tamanho: 4053 KB
- Nº de Páginas: 318
- Categoria: Língua, Linguística e Redação
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro FERNANDO PESSOA & HETERONÍMIA: A TRANSA (HOMO)ERÓTICA, escrito por Felipe Garcia. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.