Eu não mordo

“Gostar de Rita Barbosa era inevitável. Havia algo no seu jeito, apesar de completamente defensivo e reservado, que me atraía da mesma forma que lâmpadas atraem mosquitinhos durante a noite. Tudo sobre ela gritava mantenha distância, e eu costumava confiar na minha intuição. Isso também era fácil. Mesmo que quisesse tentar a sorte, ela nunca dava brecha. Seu escudo parecia ser completamente impenetrável.

Deveria ser difícil decidir mudar aquela relação de silêncio que tivemos por todo o ensino médio. Em vez disso, pareceu fácil até demais caminhar pelo fantasma de suas pegadas no corredor, com os olhos colados na sua figura distante que desapareceu de vista ao atravessar os portões de entrada. Meu estômago formava nós e nós, e a sensação era que eu poderia vomitar todas as minhas tripas, mas não de nervoso. Era de ansiedade.”