Eu – Augusto dos Anjos

Carlos Drummond de Andrade afirma: “Li  Eu na adolescência, e foi como se levasse um soco na cara”. A. presente edição digital de EU, de Augusto dos Anjos, nasceu do estudo comparativo de diversas edições anteriores. Em algumas edições, as dedicatórias do autor em determinado poemas suscitaram dúvidas, caso em que a edição fac-similar publicada pela Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo, e o exemplar da 1a. edição fotografado e disponível na Biblioteca Brasiliana Guta e José Mindlin da USP foram foram decisivos. Noutros momentos, a grafia de certas palavras apresentou variação entre as várias edições mais antigas disponíveis no mercado, nesse caso, além do cotejamento com aquelas aqui destacadas, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, constituiu o voto de Minerva. Os poemas de Augusto dos Anjos se popularizaram no Brasil ao longo do século XX, a despeito da onda modernista que se impôs a partir da década de 1920. Seus poemas eram transcritos em diários e caderninhos manuscritos de poemas das mocinhas por todo o país, encantadas com seu vocabulário inusitado, sua musicalidade, sua intensidade e sua expressividade visceral – talvez movidas por sua própria condição de oprimidas, numa sociedade extremamente patriarcal, injusta e cruel para com as mulheres.