Espelho de mim mesma

Cruz é uma pirata da palavra navegante e por isso é incapaz de deixar sem remos os feitiços ulisíacos dos seus cantos. No seu peregrinar, vestida de imagens e calçada por palavras que vão deixando as suas pegadas devagar, Cruz sabe convocar outros adeptos á navegação entre versos, e de aí vem a nossa coincidência na amizade polos bons e generosos goles de espíritos dançantes. Agradecido quedo por permitir-me participar neste projeto e prologar esta aventura na que as lapelas do livro abrem luz entre tormentas de línguas que não calam ou fazem que não falem moitas outras.
Cruz é uma pirata da palavra navegante e por isso é incapaz de deixar sem remos os feitiços ulisíacos dos seus cantos. No seu peregrinar, vestida de imagens e calçada por palavras que vão deixando as suas pegadas devagar, Cruz sabe convocar outros adeptos á navegação entre versos, e de aí vem a nossa coincidência na amizade polos bons e generosos goles de espíritos dançantes. Agradecido quedo por permitir-me participar neste projeto e prologar esta aventura na que as lapelas do livro abrem luz entre tormentas de línguas que não calam ou fazem que não falem moitas outras.
Em Espelho de min mesma, a noite é luz para expressar a sonolência da poesia «que se pendura dumas nuvens violáceas». A noite é a estação onde improvisa o solo sob pombas refletidas na água, essa água que marca o tempo como os relógios «que aguardam o mês de seitura»; essa água que resvala pelo corpo das estações, como varada «a través dos cristais da janela», permitindo que a luz se esvaeça numa folia de versos para desfazer os feitiços contra uma panificadora esquecida, um pene-verme mutilador de clitóris, uma Galiza dormida que se sonha, uma morte mais que chega sem aviso ou dias que abortam noites e noites que aleitam dias, onde a luz cresce, sem obstáculos, em qualquer estação.