Entre Tantas Paredes

Em uma cidade como São Paulo, é fácil se perder na multidão, incógnito, só mais uma sombra andando pelas ruas sempre movimentadas, mais um morador de torres altas que raramente reconhece aqueles com quem se depara nos elevadores, mais um trabalhador em ainda outras torres, de onde entra e sai reconhecendo apenas os colegas mais próximos.

Mas não é assim que vivem os habitantes do São Bartolomeu, aninhado em uma rua tranquila da Vila Mariana. Esse pequeno edifício nem mesmo merece ser chamado assim. A construção antiga e charmosa é um prédio, um predinho simpático, de somente sete andares e catorze apartamentos.

As pessoas que vivem nele têm sorte. A vista é bela, os apartamentos arejados e grandes – muito maiores que as unidades de dois quartos mais modernas – , e o prédio fica perto de estações de metrô, com ônibus para toda São Paulo a um pulo de seu portão, a apenas algumas quadras do parque do Ibirapuera, vista para a Cinemateca e seu pequeno e agradável parque, e cercado de casas e vizinhos que gostam de conversar pela calçada em suas andanças. Perfeito… ou quase.

Três velhas harpias encrenqueiras, uma zeladora fofoqueira, uma tatuadora romântica, duas médicas animadas, um gamer sonhador, um historiador excêntrico, um casal aposentado, um casal com uma bebê, um casal gay atraente, uma escritora bocuda, um fotografo tatuado e sexy, e uma jovem cheia de curvas dividem essas tantas paredes e um elevador com TPM.

Essa é uma história de um amor que nasce entre brigas nas reuniões de condomínio, jogos regados a cerveja e guacamole, reformas barulhentas, e os usuais mal-entendidos e desencontros.
No São Bartolomeu, ninguém espera ter paz, mas sim ter o que falar quando encontrar com um vizinho a caminho da padaria. E assim, todos vivem felizes. Quase sempre.