Duas Histórias de 22: Novos olhares sobre o Bicentenário de Independência

Com a aproximação em curso do Bicentenário de Independência do Brasil, nosso país chega a uma encruzilhada. O retrocesso político e cultural no Brasil é uma piada de mau gosto com dimensões que ecoam para uma nova Idade Média. Eu senti que precisava escrever sobre aquilo. Tinha a chance também de ficar calado, mas isso não é oportunidade que se apresente. Eu tinha que fazer. Iria poder dizer tudo que precisava ser dito, ou quase, sob o pano de fundo do Bicentenário de Independência do Brasil. E assim, criei uma alegoria histórica para contar o caso do ladrão de galinhas na casa de Rui Barbosa (O Ladrão e o Jurista), aonde um tribunal é instaurado dentro do galinheiro para que durante uma madrugada de véspera dos primeiros cem anos de independência (1822-1922), Rui Barbosa falasse sobre a data histórica, enquanto julgava o ladrão de galinhas. Mas só esta história não bastaria. Precisava sangrar na carne. Falar dos meus pares e contextualizar a cultura como centro de observação, e tentar descobrir aonde foi que erramos. E praticamente em seqüência escrevi sobre o Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, coincidentemente o mesmo ano em que se passava a história anterior. Agora iria poder falar de cultura sob uma ótica que sublimasse meu posicionamento político, enxergando a contemporaneidade dentro de um fato histórico. E assim nasceu ‘Elucubrações Vazias’. Para este texto, lancei mão da conhecida polêmica, sobre a crítica do escritor Monteiro Lobato, para os Modernistas. Em que sobre uma exposição da pintora Anita Malfatti, disse que tais obras eram para estar expostas em um hospício, pois lá estariam entre os seus. Daí vem o título irônico para ‘Elucubrações vazias’, que em parte nos revela o quanto retrógrados ainda somos como povo. E o quanto atual o tema ainda pode ser, perto de completarmos duzentos anos de independência do Brasil. Ao finalizar o referido texto, surpresa maior, tive eu ao perceber, que as duas histórias se passam no mesmo emblemático ano de 1922. Daí para chegar ao título de ‘Duas Histórias de 22 – Novos olhares sobre o Bicentenário de Independência’, foi um pulo. Eis então em suas mãos as duas histórias na íntegra. E como gosto sempre de dizer em meus livros; Boa viagem!