Dom Casmurro (com notas)

Esta edição, além de trazer o texto com a ortografia atualizada, traz mais de 50 notas explicativas que elucidam as refências literárias usadas por Machado de Assis. Cada referência literária funciona como uma “matriz de significados”, como um símbolo que em sua simplicidade traz consigo várias possibilidades.

George Steiner ver nas notas explicativas o sintoma de o fim de uma era, o sinal de que já não somos capazes de compreender e interligar os autores.
É verdade, de fato. Com a massificação da informação e a tecnificação de tudo, já não há mais espaço para uma formação séria e real. Escritores eternos como Shakespeare, Cervantes e o próprio Machado são vistos como “obsoletos” ou “fora de moda”; eles parecem perdidos no tempo por, contraditoriamente, não pertencerem às limitações de nenhum tempo específico.
Machado de Assis , como prova em contrário da obsolência dos grandes autores, usa o mesmo tema que Shakespeare usou três séculos antes para escrever Otelo: o ciúme. E para compor o seu livro, lança mão da sabedoria bíblica com suas dezenas de séculos. E, claro, de Homero, um grego que provavelmente sequer existiu. Para compreender Machado é preciso conhecer os seus conhecidos, ter consciência de que por trás de cada linha sua há séculos e séculos de uma tradição contínua que está sempre se renovando, tendo o próprio Machado de Assis como um dos agentes dessa tradição.
Neste trabalho, não tentei fazer uma edição crítica da obra prima deste que é o nosso maior escritor. Meu objetivo foi simplesmente promover o encontro do leitor com os amigos de Machado, aqueles que fizerem dele o que ele se tornou: um gênio literário.