Diálogos e escritos sobre o corpo: a linguagem e o poder

A Exu Edições Virtuais, uma editora sem fins lucrativos, lança agora, em português, esta entrevista sobre ” o corpo, linguagem e o poder” numa perspectiva pragmática e discursiva inspirada na arqueologia de Michel Foucault. Essa abordagem é proposta por Alex Pereira de Araújo, jovem pesquisador brasileiro que trabalhou em questões contemporâneas relacionadas a processos de subjetivação e identificação. Para ele, lidar com essas questões é contribuir para o diagnóstico do presente, do nosso tempo presente, nas palavras de Foucault. Em sua releitura da arqueogenealogia de Foucault, ele considera que o diagnóstico do presente é a condição para atingir o estado de maioridade, uma exigência que nasce com a Aufklärung, como vemos no texto de Kant, Was ist Aufklärung, e no texto de Foucault “Qu’est-ce que les Lumières? ”.A preocupação que se encontra nos trabalhos de Alex Pereira de Araújo, especialmente aqueles que tratam da questão da violência simbólica no campo discursivo do universo escolar e a discussão do corpo em filmes de terror, motivou tal entrevista. Quem o conduz este encontro é Andrés Ginestet, um artista de formação filosófica e literária que participou da fundação do Instituto COBAWU em Wuppertal, Alemanha, que realiza pesquisas sobre sistemas de violência, sistemas de complexidade. Essa preocupação com o problema da violência também é expressa em sua arte politicamente engajada. Sua mais famosa obra de arte é a ELAN, uma massiva figura de barro de 30 toneladas, metade mulher e meio homem, rastejando em seus próprios limites corporais e tentando conseguir seu próprio reflexo em um espelho. Ela está localizada no pátio da sede regional do Postbank em Dortmund, Alemanha e, no momento de sua instalação, os funcionários iniciaram uma greve geral para discutir o conceito filosófico de emancipação expressado pela ELAN e alcançar clima de trabalho mais emancipado. Assim, como podemos ver, o entrevistado e o entrevistador compartilham um compromisso com uma consciência política que poderia contribuir para o desarmamento da cultura de violência que existe em nosso tempo. Entende-se que toda violência começa com a palavra manejada nas práticas discursivas que ocorrem em um dado relacionamento de poder. Em outras palavras, a violência tem sua própria linguagem e estrutura, gerenciada por dispositivos violentos. É por isso que temos que defender a sociedade.