DEVANEIOS

O livro é um passeio ritmado pelas veredas da sensibilidade. A publicação, embalada num verbo leve e harmonioso, leva o leitor às sinuosas estradas do deleite. Nas curvas deste caminho surpreendente, o amor é mostrado em sua humanidade inerente, ora em êxtase, ora calmo, ora num lamento doído.

Com seus fenômenos e sua exuberância, a natureza é salpicada nos versos, em imagens reais e metáforas, como recurso de estilo para chegar às entranhas emocionais de quem lê. E Vana é exitosa nesta lúdica e nobre missão.

Vaguear sobre o tempo e o ser poeta também são manifestos gravados na obra. E a autora o faz em linhas sutis que desenham sua mensagem. Não raras vezes, a releitura da poesia é saudável para sedimentar a compreensão dos códigos emitidos pela pena de Vana. Nesse vai-e-volta pelas páginas de Devaneios, a busca da compreensão resulta em reinterpretações e novas procuras. Essa provocação é da essência da arte.

Devaneios eu li num fôlego só numa fria manhã de outono de 2020, quando o mundo enfrenta uma das maiores crises da História. Ler poesia alimenta o espírito, em qualquer momento. Ler poesia em momentos críticos, além de alimentar, conforta e acalma. Ainda que um conforto fugaz em meio ao turbilhão da pandemia, beber os devaneios de Vana Miletto foi reafirmar minha crença na arte como um dos pilares da civilização.

Beba sem moderação!

Lauro Augusto Bittencourt Borges