Depois da Meia-Noite

“Quando não sabemos o que nos espera, não temos medo do que podemos encontrar. Ele não tinha noção alguma do que estava por vir.”

Samuel perdeu os pais em um acidente de automóvel aos seis anos de idade. Depois do ocorrido, foi morar com a avó em um apartamento no centro da cidade. O prédio de quatro andares era antigo, o elevador era barulhento, e algumas regras deveriam ser respeitadas. A principal? Crianças não podiam trafegar pelas dependências do prédio após anoitecer.

Durante os primeiros anos, tudo correu bem. A pensão deixada pelos pais e a indenização recebida pelo acidente, deram à Ondina, a avó de Samuel, condições de oferecer estudo de qualidade ao neto. Samuel era apenas um menino que acatava as normas, dormia cedo e não fazia perguntas. Entretanto, com a chegada da adolescência os sonhos ruins começaram a surgir. Seriam sonhos apenas? As impressões de criança adquiriram solidez. Toda esta estranheza, despertada por volta dos doze anos, fez com que o menino optasse por morar com sua tia em uma cidade vizinha.

Agora, já adulto e formado, aprovado em um concurso público e após a estranha morte da avó, Samuel está de volta ao edifício. Seria mais cômodo ficar ali por alguns dias até estabilizar-se no novo emprego, já que a instituição onde fora alocado fica na região e depois procurar lugar melhor para morar. Ele só não estava preparado para a realidade obscura que aquele lugar escondia.