De amores e ímãs

Sempre senti falta de uma literatura em que pudesse me reconhecer nas personagens. Todas as histórias de amor que inspiraram a humanidade referiam-se a casais heterossexuais. Passei a adolescência sem uma história de referência que me remetesse aos sentimentos e situações que vivi. Parecia que o que eu sentia não estava autorizado a ser amor. Não se trata de encontrarmos uma Clarice Lispector gay, mas de aumentarmos a oferta de histórias em que pessoas de todas as orientações sexuais sejam contempladas.
Este texto conta a história de amor entre duas mulheres sob a perspectiva de cada uma. Mulheres diferentes, unidas pelo destino e pela obstinação. Como ninguém escapa às perigosas idealizações no amor, não foi diferente com Lia e Júlia, mas devido à narrativa compartilhada entre as personagens teremos uma dimensão maior desse perigo. Por isso, cada capítulo traz a versão de sua autora. Espero que se identifiquem e criem coragem para compartilhar suas histórias também. Se puderem, ouçam as músicas sugeridas, elas ajudam a compor as personagens, mas não deixem de buscar na internet o vídeo da última música, o desfecho se passa ali.