Curitiba Nunca se Sabe
Por Geraldo Cardoso Sou aversado às leituras curitibanas, quem me conhece sabe disso. Sempre achei que por sermos tão regionalistas, perdemos a universalidade dos poemas, dos contos, das peças. Eu mesmo, como escritor, como roteirista e como ex-desenhista, sempre procurei me afastar dessa raiz paranaense. Muito disso vem do fato de eu ter uma relação muito fria com a capital do frio. Nunca gostei daqui, mesmo sendo nato do Bacaheri. Sequer tenho planos de morar nessa cidade até o fim da minha vida. Essa é minha relação com Curitiba. Um namoro meio que por obrigação com aquela namorada grávida, esperando o parto para que tudo degringole. E foi com esse sentimento que resolvi ler Curitiba Nunca se Sabe do multi-facetado-artista Geraldo Magela. a partir daí fica fácil de imaginar meu ceticismo com tal literatura.Abri a primeira página e li um texto de oito linhas em que Magela afirma em seu final: “Amo essa cidade”. Aquilo me arrebatou, me levou a olhar Curitiba através de um olhar que eu nunca tinha me obrigado a observar. Ao folhear as páginas, me indaguei se aquilo que li eram poemas ou se eram contos. Não consegui distinguir, tamanho a orgânica com que esse autor brinca com os dois termos. Resolvi chamar o que li de “Poecontos”, até para absorver melhor na sua amplitude o que ele escrevia.Textos como “Candidez”, “Rota da Lata”, “Deleite”, “Meretriz” servem para tocar o leitor com os lugares tão comuns que Curitiba possui, vistos pela singular visão que apenas o Magela tem. Mostrando que o sentimento é de amor, ainda que acompanhado com aquele cinismo tão peculiar dos habitantes dessa Cidade Sorriso. Curitiba em sua imperfeição, visitada com maestria em textos simples como “Desespero”, “Mortuária”, “Poema Lógico, Ecológico e Escatológico”, me convenceram que se nem tudo são flores, a necessidade de ser Curitiba aflora. Tentei não me mover a pensar nessa cidade de forma diferente, mas aos poucos eu vi, pela escrita do Geraldo, que não somos apenas a famosa Rua XV, ou um Jardim cheio de flores. Somos Boqueirão, Santa Cândida, Cachimba, Campo Comprido, Guadalupe e até mesmo uma zona da Riachuelo. Lugares tão esquecidos por nós mesmos que esse poeta, carregado de frio curitibano, me ensinou.Também (re)conheci um pouco do teatro sujo que fez e faz história. “Histórias de João” é uma aula de como escrever um texto baseado em títulos e ainda nos instiga, nas entrelinhas, a conhecer essa parte esquecida de uma época nem tão longínqua do nosso valor cultural.Tentei ser indiferente ao terminar seu livro, Magela. Mas não deu, não rolou. Ler e vivenciar seu jeito de ver esse lugar que lhe acolheu foi uma aula de como se ama uma cidade, seus trejeitos, cidadãos e pormenores que passam por nós diariamente tão batidos e abatidos.Vou deixar uma dica para quem gosta de ler e viajar. Quer conhecer Curitiba? Use GPS, o mapa e os guias que por aqui não faltam. Quer conhecer Curitiba intimamente e, de quebra, se apaixonar por baixas temperaturas? Leia Curitiba Nunca se Sabe. Um livro de uma das maiores lendas que Curitiba deveria valorizar mais e a quem tenho o prazer inenarrável de chamar de amigo. Até eu que nunca suportei muito essa relação de obrigação que tenho a mais de três décadas, resolvi esboçar um sorriso para a namorada grávida. Obrigado Geraldo Magela Cardoso Magela! Você está salvando meu namoro.Larrous Leon
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Geraldo Cardoso
- ASIN: B07ZL47LDV
- Idioma: Português
- Tamanho: 410 KB
- Nº de Páginas: 71
- Categoria: Crônicas, Humor e Entretenimento
Amostra Grátis do Livro
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