Crucis: Cada um carrega sua própria cruz.

Escrevo este prefácio em um domingo de Páscoa. Li Crucis há algumas semanas, e tenho pensado na história um pouquinho todos os dias. Mas foi hoje, no dia em que mais pessoas lembram de Jesus, que sentei para contar a vocês o que senti lendo esse retrato do Cordeiro em um cenário familiar e contemporâneo.

Por mais que tenha crescido em uma família religiosa, frequentado a catequese e crisma, nunca conheci tão de perto a história de Jesus, e confesso que ler sobre ele em um contexto tão aconchegante como a minha cidade pode ter me atraído mais do que os sermões dos padres ou a lição das catequistas.

Nada contra. É por causa dessas pessoas que a palavra do salvador ainda é difundida hoje em dia, e somos gratos a todos que dedicam suas vidas pela fé. Mas, ao menos para mim, ver Jesus em ações e em pessoas é muito mais fácil. São as ações e ensinamentos dele refletidos nas pessoas que me interessam.

A trama de Crucis envolve a vida de todos nós: rotina, ir ao trabalho, voltar para casa e conviver em família, dilemas com os amigos… E são os dramas tão reais e parecidos com os nossos que tornam a história cada vez mais envolvente. A brilhante ideia de adaptar os nomes de figuras bíblicas a nomes comuns torna tudo ainda mais instigante, pois engaja o leitor em uma brincadeira de assimilação que faz lembrar às personagens bíblicas clássicas.

Toda a semelhança com o livro sagrado não é mera coincidência. A obra de Anderson Paulino Perraro só torna mais fácil enxergar os ensinamentos de Jesus na atualidade e de maneira mais fluida, de modo que até quem não conhece a história do filho de Deus possa entender um pouco dos seus ensinamentos.

E quem lê, não esquece. Basta um lembrete como esse para olhar a vida – e as pessoas ao nosso redor – com outros olhos. Com mais compaixão. Com mais empatia. Afinal, quem parece ter pouco, às vezes tem muito para oferecer, e estamos aqui para aprendermos uns com os outros.

Por isso, se ajeita por aí, passa um café ou faz um chazinho e fique confortável, porque essa é uma história que vai te fazer engolir páginas e páginas de uma só vez, e você nem vai sentir o tempo passar, como toda boa história deve ser.

Laura Leonardelli Costa Paulino