Corações Desvelados

Uma suave brisa caía sobre o rosto de Matthew Price enquanto ele se debruçava no pátio do seu quintal. O barulho constante de uma buzina de carro tocava um sinal acentuado à distância. Um de seus vizinhos devia estar descontente para golpear a buzina com tanto vigor. O gosto da bile aumentando em sua garganta estava se tornando igualmente difícil de ignorar. Ele apertou o punho e permitiu que suas unhas batessem nas palmas das mãos. Todos os seus sentidos funcionavam como deveriam. Ele contava-os todos os dias como lembrete de que não perdera tudo. Apenas sua visão continuava a fugir dele. O Dr. Sousa disse-lhe para ser paciente, que sua visão não iria voltar da noite para a noite, mas ele tinha esperança. Tinha sido tolo e um completo desperdício de seu tempo.

Ele havia sido liberado do hospital apenas duas semanas atrás, e ainda não podia ver mais do que um borrão. Ele conseguia fazer tudo direito se movendo em torno da segurança de sua casa, mas em qualquer outra coisa ele era completamente dependente dos outros. Para alguém que se orgulhava de sua independência, isso o levara ao nível mais baixo. Tanto quanto ele estava preocupado, não havia motivo para continuar tentando. Qual era o ponto? Ele estava resignado às circunstâncias que a vida lhe causava. Isso era quem ele era. O homem cego – um advogado que nem conseguia ler as anotações de lei que havia escrito. Pesquisa? Seria quase impossível completar agora. Que tipo de advogado – ou homem – ele seria sem uma das mais básicas habilidades humanas?