Contos Invernais

Um dos exercícios mais realizados em oficinas de Escrita Criativa — para ajudar os alunos a superarem situações de bloqueios criativos — consiste justamente em sortear elementos de universos diversos e pedir que eles escrevam uma cena ou um conto usando aqueles elementos. Ou abrir um bom livro numa página aleatória, apontar o dedo, ao acaso, para uma palavra ou trecho, e pedir que produzam algo a partir daquele estímulo. E os resultados são sempre surpreendentes.

Diante da página branca como a neve, ficamos muitas vezes intimidados pela quantidade de caminhos que podemos tomar (alguém já disse que uma página em branco nunca é uma página em branco, mas, sim, uma página com uma infinita quantidade de possibilidades).

Mas, quando limitamos essa liberdade e nos “obrigamos” seguir uma temática definida, que talvez nunca tenha passado por nossas consciências, é como se um vasto repertório inconsciente fosse instantaneamente ativado.

E assim foi nesta coletânea. Através das palavras, o leitor viaja junto com os contos: às vezes para lugares com neve, outros com chuva – há até quem faça funcionar inverno com calor e quem transporte o inverno para dentro do personagem. Mas algo estas histórias têm em comum: o tema tocou cada autor de uma forma muito peculiar.

Já entoava Djavan: “um dia frio, um bom lugar pra ler um livro”. Parece que estes autores tinham isso em mente, e, ao serem desafiados, propuseram-se a criar uma narrativa digna de ser degustada num dia frio.

Pois é isso que a literatura faz: traz um quentinho para o coração.