Conta, que eu te conto: Lilica uma cadela de outro mundo (0)

Em “Lilica”, o autor usa um estilo simples, de fácil apreensão. É modernista e regionalista. A narrativa é feita nas primeiras pessoas do singular e do plural. Manoel narra com leveza de escritor que vivenciou o espaço em que ocorre a história, com cenas que impressionam, pois parecem reais. Usaram-se as linguagens culta na narrativa e a popular nos diálogos. O autor domina, com facilidade, o uso do pronome oblíquo, e cita, no discurso direto, frases com linguagem bem popular.
A cultura popular é ricamente tratada através de remédios de plantas da crendice do povo, e até o uso medicinal de sabão para cura e trato de animais e pessoas. Foram usadas figuras de linguagem como hipérbole e comparação. Uso da linguagem culta em “mataram-na”, e da popular como “pro”, “cum”, “damo”, etc. Uso de gírias modernas como “ficou na dele”. Há um misto de descrição e narrativas. Há diversas personagens, e a presença da Lilica é muito forte. Parece-nos querer o autor dar-lhe vida humana, como fizeram importantes escritores como Graciliano Ramos, Miguel Torga, Machado de Assis, entre tantos. A leitura é de fácil compreensão; vocabulário simples, coeso e coerente. Na realidade, o autor poderia, se o quisesse, fazer um belo livro, pois fez de sua leitura um momento aprazível. Manoel Tavares nos passa a ideia de um bom discípulo dedicado à leitura de Adonias Filho (fase regionalista do Modernismo). Convido-os a ler esta história deliciosa.