CONSTRUÍ O MEU FUTURO

Este livro faz um jogo de cintura entre o trivial e o profundo. O sucesso empresarial que ele documenta demonstra apenas o que devia ser uma verdade trivial: qualquer um pode! Ao mesmo tempo, porém, o livro vai mais longe, e por isso é profundo, ao mostrar que não basta ter oportunidades. É preciso também fazer uso delas. Foi o que Bruno Pinto fez e continua a fazer. As experiências de vida que ele relata no livro são uma celebração da perseverança fundada na convicção em relação ao seu próprio valor, mas alimentada também por esta característica profundamente moçambicana (e africana) de sempre desafiar o infortúnio com um sorriso de esperança no canto do lábio.

O ditado «Ubuntu» diz que «sou porque somos». Isto é,a existência de cada um de nós é real porque somos parte duma comunidade. Eu sou, por assim dizer, porque mantenho um vínculo contigo, outro contigo e ainda outro contigo também. Mas há mais. As experiências de Bruno Pinto dizem-nos que nós os moçambicanos – e, por extensão, nós os africanos – «somos apesar daqueles que não nos querem». Dito doutro modo, nós arrancamos a nossa existência aos que, historicamente, sempre conspiraram contra nós. Com isto não quero desfiar mais uma teoria de conspiração contra os «europeus». Quero apenas dizer que a nossa existência é sempre um acto de superação, por isso, sempre um acto de auto-afirmação.

Eis, então, o significado profundo das experiências que o livro partilha connosco. A história de Bruno Pinto não é o relato duma história de sucesso, ainda que isso seja fulcral. Nem é o relato do que nos espera se nos empenharmos no que fazemos. É, isso sim, o relato da vida de cada um de nós. Isto é o ceptro que todos os dias lançamos à própria vida e ao mundo, evidentemente. É isso. O percurso aqui relatado documenta o que significa viver nas nossas condições. Viver é desafiar a vida. Bruno Pinto aceitou esse desafio e agora partilha connosco a euforia que o acompanhou enquanto se batia pela vida.