Cleópatra

“Em relação a Cleópatra, especialmente, a vida era cercada por uma atmosfera de romance que beirava o fabuloso. Mesmo seus inimigos mais amargos admiram sua beleza e raros dons de intelecto. Sua personagem, ao contrário, apresenta um dos problemas mais difíceis da psicologia. O servilismo dos poetas e autores romanos, que não estavam dispostos a reconhecer francamente a luz que emanava tão brilhantemente do inimigo do Estado e do Imperator, resolveu isso em sua desvantagem. Tudo o que levasse o nome de egípcio era odioso ou suspeito para o romano, e era difícil perdoar essa mulher, nascida às margens do Nilo, por ter visto Júlio César a seus pés e obrigado Marco Antônio a cumprir sua ordem. Outros historiadores, Plutarco à frente, explicaram o enigma com mais justiça e, em muitos aspectos, a seu favor.

Foi uma tarefa deliciosa para o autor examinar mais de perto a personalidade da desafortunada Rainha e, a partir da riqueza de informações existentes, formar para si uma criatura em quem pudesse acreditar.” (G. Ebers)