Ciência X Zumbis: Quando a batalha começa na escola
Por Tadeu Alencar ArraisMTST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto
MNCR – Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – Goiás
Um acidente com um foguete caseiro, em uma tentativa frustrada de provar que a terra é plana, deixa um homem morto. Cresce, em velocidade assustadora, o número de pessoas que aderem ao movimento antivacina. O currículo escolar adota o criacionismo como teoria e toma o aquecimento global como uma conspiração. O conhecimento histórico, fundamentado na análise de fontes documentais, é substituído por mensagens de grupos de WhatsApp. Uma desconfiança generalizada da ciência, em um movimento quase sincronizado, ressurge em várias partes do planeta e o anti-intelectualismo torna-se mais perigoso que os decrépitos zumbis de George Romero em A noite dos mortos-vivos.
A distopia aparece em doses homeopáticas. Analogia mais oportuna para a contemporaneidade não há. Mas quem são os zumbis? Os zumbis não são apenas aqueles que cercam os portões de Woodbury, Oceanside ou Alexandria, comunidades pós-apocalípticas de The Walking Dead. Não mesmo. Os zumbis estão no interior de cada um de nós. Cercando sorrateiramente a escola. Crianças e adolescentes são, aparentemente, presas fáceis. Mas as marcas do ataque zumbi não serão reconhecidas por feridas nos corpos das crianças e jovens que deixam visíveis o tecido nervoso. Isso seria muito clichê! Os zumbis consumirão, vagarosamente, seu apetite por conhecimento. Uma verdadeira epidemia tomará conta da escola, que deixará, caso não descubram o antídoto, de cultivar a ciência e a filosofia, além das artes e da poesia.
Dirão, talvez, que Ciência X Zumbis não é um livro muito sério, afinal, elegemos os zumbis como oponentes privilegiados da ciência e a escola como frente principal da batalha. Também dispensamos o vocabulário conceitual inteligível apenas para aqueles íntimos dos domínios da teoria do conhecimento. Mas isso não significa que os dados e as informações apresentados não tenham crédito. Ao contrário. A linguagem e a mistura das fontes, nesse caso, não comprometem a veracidade dos fatos e acontecimentos descritos. Misturamos no mesmo barco Karl Marx, Charles Darwin, Albert Einstein, Dr. Evil e Dr. Charles Xavier. Uma heresia, no mínimo. No mesmo livro, um pouco do pessimismo de Adorno, um tanto da desconfiança de Foucault e muito do universo satírico de Os Simpsons. Um ato imperdoável, considerando-se a boa etiqueta intelectual.
Acreditamos que o mundo zumbi seja a realização distópica, o encontro histórico, de duas tendências profundamente tóxicas. A primeira tendência é o neoliberalismo, que observa os homens como gladiadores na arena do mercado global. Aqui, homens derrotados são, na melhor das hipóteses, invisibilizados e, na pior das hipóteses, mortos. A segunda tendência é demonstrada pela ascensão do obscurantismo, alimentado por variadas formas de anti-intelectualismo.
Aqui, o pensamento crítico, na melhor das hipóteses, é ridicularizado e, na pior das hipóteses, criminalizado. As duas tendências negam, em vários cantos do planeta, a participação de intelectuais, professores, artistas e cientistas nas discussões sobre os destinos de cada nação. É por reconhecer os riscos, diante do encontro dessas duas tendências, que devemos discutir a razão de existir da ciência e de instituições democráticas como as escolas e as universidades. Não devemos esperar, como na ficção, que Alice (Milla Jovovich) em Resident Evil, ou Rick Grimes (Andrew Lincoln) em The Walking Dead, salvem-nos da hecatombe zumbi.
Não estamos, infelizmente, em uma ficção.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Tadeu Alencar Arrais
- ASIN: B086QDZQYK
- Idioma: Português
- Tamanho: 16655 KB
- Nº de Páginas: 123
- Categoria: Jovens e Adolescentes
Amostra Grátis do Livro
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