Caraíba não dança toré: Romance regionalista contemporâneo

Era assim que se sentia o geólogo Brasilino Cândido em suas noites de cárcere nos inóspitos rincões da Floresta Amazônica quando cumpria espinhosa missão, que – entre trancos e barrancos – resultara bem-sucedida.

Uma trama que desperta questionamentos por parte do leitor: Quem é o herói trágico? Trata-se de dramaturgia ou comicidade? De poder ou honra? De vingança ou perdão? Há em tudo isso inocência ou ignorância? Valor ou esperteza? Onde repousa a singularidade do outro?

Um enredo marcado pelo antagonismo de culturas, no qual, heróis e anti-heróis da trama (todos de codinomes inusitados) vivem situações dramáticas e aventuras quixotescas. Um atlas fecundo rabiscado por hilaridades e surpreendentes acontecimentos históricos, crenças, tradições e lendas indígenas, mazelas sociais, vícios e problemas étnicos.
São vinte e cinco capítulos de bom humor e encanto, onde, em nome do dever laboral, servidores públicos não se curvam diante da força e do poder dos indígenas. Não, sem que, relevando as perplexidades do contraditório das culturas envolvidas, vez ou outra, deleitarem-se com a natureza em volta e os prazeres da carne. Personagens que atam e desatam relacionamentos, ambiente no qual se faz e se desfaz, em inesperadas emoções e impulsos, a insensatez humana.

Enfim, mais uma obra saída do teclado de um trocista incorrigível, que apesar de preferir a comédia ao drama e ao trágico, dosa, admiravelmente, essas duas vertentes.