Caixa de Futuros: Contos inspirados no Amanhã, em músicas e nas surpresas que o mundo nos reserva

Segunda edição com mais histórias!

Coleções de contos são como caixas que encontramos durante uma faxina, desenterradas do fundo daquela porta do armário que acumula uma grossa camada de poeira em suas prateleiras por falta de uso. Tudo pode sair quando abrimos a tampa, pequenos ecos de um passado que insiste em ricochetear pelas paredes da memória. Guardanapos com sabor de viagens, anotações já desprovidas de sentido, folhas, recortes, bilhetes, fotos. Retratos de tempos lutando para se eternizarem.
Numa caixa de ficções, são diferentes futuros e realidades que saem aos borbotões, hora como fac-símiles de nosso mundo e tempo, ora como alegorias exóticas, recortes de tempos e espaços que não são. Mas e se fossem? A ficção é a lembrança do que (ainda) não aconteceu.
A maior parte das histórias aqui presentes são de fantasia ou ficção-científica. Algumas delas se levam a sério e esperam provocar reflexão. Outras, exploram o humor como crítica à nossa relação com a tecnologia e os caminhos que ela própria, sob nossas bênçãos, traça para si e para os humanos.
A primeira história a escapar da caixa é Saudade dos tatuís, que relata o diálogo entre um neurocientista e um cérebro de laboratório. Logo depois vem Um fim, um começo, microconto de ficção-científica que aborda o tempo mitológico, o alfa e o ômega de nossa existência. Daquele planeta, decolamos para Trans-Europa Express, outra história espacial, dessa vez explorando um cômico debate sobre música eletrônica do lado de fora de uma estação espacial. Esta é a primeira de quatro contos da série Songsbook, em que me desafiei a criar textos inspirados em minhas músicas favoritas, sendo o primeiro, claro, provocado por Kraftwerk.
Flores sobre telas é uma provocação por meio de realismo fantástico: e se uma flor gigante e belíssima brotasse cada vez que uma pessoa abandonasse seu telefone celular?
Alguns contos ao humor, às vezes ácido como sugerem nossos tempos, ora beirando o nonsense: Saque não autorizado traz outro diálogo, dessa vez entre uma pessoa que precisa retirar dinheiro no caixa eletrônico e sua Assistente Virtual. Anticlímax mostra como uma invasão alienígena pode ser uma bosta. Já os Obituários de um futuro que deu errado são quatro microcontos em que podemos ler como a imprensa do futuro reportou a morte de figuras bastante pitorescas e, de fundo, descobrir que o mundo delas conseguiu ser bem pior e confuso que o nosso. Dá para dizer que são distopias cômicas, ou humor distópico.
As demais narrativas que surgiram a partir de músicas são Corações partidos fazem chover, inspirada em Identikit, do Radiohead. Nesse conto, um empresário do segmento de tecnologia recebe a visita de uma estranha entidade. Em Medo do Escuro, uma de minhas músicas favoritas do Iron Maiden ganha vida. A série se fecha com Vento no Litoral, uma melancólica conversa trazida pela poesia da Legião Urbana.
No fundo da caixa você vai encontrar Máfia Russa, o mais antigo dos contos desta coleção, em que nossa personagem reflete sobre a vida depois de uma reunião de negócios que não terminou da melhor forma. Os contos desta coleção foram publicados originalmente no blog que mantenho desde 2005 e quase todos ainda seguem disponíveis por lá. Espero que ao menos algumas dessas histórias encaixotadas lhe rendam surpresas agradáveis.

Boa leitura!