Caderno para Borboleta Passarinho Rabisco
Por José Humberto da Silva Henriques Depois do nascimento de Maria Clara, única filha do poeta, Humberto Henriques se dedicou à construção de alguns poemas que ele deduz serem de cunho infantil. Porém, essa interface é muito positiva na obra, pois que os poemas desse livro ainda são muito aproveitados por leitores de qualquer idade. Os desenhos podem ser infantis, não resta dúvida, pois que os poemas são decorados com desenhos simples feitos com recurso de computador. A intenção do desenho simplório é óbvia, são caracóis, joaninhas, passarinhos – como mesmo dita o nome do compêndio -, insetos diversos e alguns desenhos mais elaborados do ponto de vista técnico, fator que deve motivar o pequeno leitor a buscar afinidade maior com as Artes Plásticas. Portanto, Henriques não escreveu apenas um livro a mais para o público infantil. Na nossa opinião, pelo contrário, ele provoca a inteligência da criança para que alguma coisa mais estética seja despertada.
De repente, ocorreu-me perguntar a ele sobre os seus tempos infantis, os seus mesmos, o que era lido naqueles dias em formato de poesia. Humberto Henriques lembra-se muito bem dos poemas de Francisca Júlia e Júlia da Silva. Aquilo ficava a desguaritar a cabeça da gente, assim diz o poeta, de tal sorte que os livros indexados eram sempre escritos e editados por estas duas poetisas. Não resta a menor dúvida que a qualidade era grande, mormente quando se considera o público infantil. Esse que não vai dar de cara logo com o Navio Negreiro, de Castro Alves, ou Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. É necessário, evidente que sim, que haja um preparo para esse tipo de aprendizado e na acepção mais correta do termo, um preparo para a recepção da poesia. Sendo assim, desde a mais tenra idade Henriques tentava fazer ou burlar alguma poesia. Assim como aconteceu com Florbela Espanca, que fez tais tentativas ainda muito jovem. Criança era.
Depois, com a evolução da Poesia, surgiram alguma poetas modernistas que dedicavam versos às crianças. Textos de boa qualidade, como aqueles de José Paulo Paes. Nesses versos, a sugestão de fazer poesia vem com uma carga de influência enorme do haicai e da condensação do texto, com rimas ricas e musicaloides, muitas vezes internas dentro do próprio poema, o que sempre dá uma assonância magnífica ao todo que se apreende. Isso moveria a criança para maior interesse, em vez de ter que interpretar a fábula da cigarra e da formiga em versos, o que sempre vinha com aquele teor parnasiano terrível e de difícil apreensão. Ou que fosse apenas uma sujeição simbolista, o que dava pior resultado ainda, pois que nesse caso, era preciso mais sublimar e subir aos céus – como seria acontecido com Ismália, de Alphonsus de Guimarães – do que mesmo traduzir o poema em si, com todas as suas letras e suas sentenças de leveza extraordinária.
Portanto, diante dessa pequena e sucinta expressão do que pensa o autor desse Caderno para borboleta passarinho rabisco, entendemos que a busca de uma renovação na poesia infantil segue as pegadas posteriores a José Paulo Paes. Esse livro é particularmente interessante porque é dedicado à filha, Maria Clara. Humberto Henriques não costuma dedicar livros a quem quer que seja. Costuma dedicar a coisas e animais. Aqui, todavia, muda o foco. E faz a dedicatória, quebra todos os seus protocolos anteriores e dá mesmo para entender que a vida ressur
Esse é um livro infanto-juvenil de construção delicadíssima. Como em formatos anteriores, Humberto Henriques associa a poesia e suas palavras com desenhos mágicos e leves. Todos feitos com recurso simples de computador e sem a chamada arte final. Diante disso, tudo parece espontâneo e cheio de ricos veios imagéticos. É um exercício para a memória e para a busca da estética. Como em música, que o aprimoramento deveria se fazer desde muito cedo em vida da criança, Henriques lança aqui um desafio fácil de ser encontrado e enfrentado. Esse livro desperta a curiosidade e amplia a possibilidade de conhecimento.
De repente, ocorreu-me perguntar a ele sobre os seus tempos infantis, os seus mesmos, o que era lido naqueles dias em formato de poesia. Humberto Henriques lembra-se muito bem dos poemas de Francisca Júlia e Júlia da Silva. Aquilo ficava a desguaritar a cabeça da gente, assim diz o poeta, de tal sorte que os livros indexados eram sempre escritos e editados por estas duas poetisas. Não resta a menor dúvida que a qualidade era grande, mormente quando se considera o público infantil. Esse que não vai dar de cara logo com o Navio Negreiro, de Castro Alves, ou Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade. É necessário, evidente que sim, que haja um preparo para esse tipo de aprendizado e na acepção mais correta do termo, um preparo para a recepção da poesia. Sendo assim, desde a mais tenra idade Henriques tentava fazer ou burlar alguma poesia. Assim como aconteceu com Florbela Espanca, que fez tais tentativas ainda muito jovem. Criança era.
Depois, com a evolução da Poesia, surgiram alguma poetas modernistas que dedicavam versos às crianças. Textos de boa qualidade, como aqueles de José Paulo Paes. Nesses versos, a sugestão de fazer poesia vem com uma carga de influência enorme do haicai e da condensação do texto, com rimas ricas e musicaloides, muitas vezes internas dentro do próprio poema, o que sempre dá uma assonância magnífica ao todo que se apreende. Isso moveria a criança para maior interesse, em vez de ter que interpretar a fábula da cigarra e da formiga em versos, o que sempre vinha com aquele teor parnasiano terrível e de difícil apreensão. Ou que fosse apenas uma sujeição simbolista, o que dava pior resultado ainda, pois que nesse caso, era preciso mais sublimar e subir aos céus – como seria acontecido com Ismália, de Alphonsus de Guimarães – do que mesmo traduzir o poema em si, com todas as suas letras e suas sentenças de leveza extraordinária.
Portanto, diante dessa pequena e sucinta expressão do que pensa o autor desse Caderno para borboleta passarinho rabisco, entendemos que a busca de uma renovação na poesia infantil segue as pegadas posteriores a José Paulo Paes. Esse livro é particularmente interessante porque é dedicado à filha, Maria Clara. Humberto Henriques não costuma dedicar livros a quem quer que seja. Costuma dedicar a coisas e animais. Aqui, todavia, muda o foco. E faz a dedicatória, quebra todos os seus protocolos anteriores e dá mesmo para entender que a vida ressur
Esse é um livro infanto-juvenil de construção delicadíssima. Como em formatos anteriores, Humberto Henriques associa a poesia e suas palavras com desenhos mágicos e leves. Todos feitos com recurso simples de computador e sem a chamada arte final. Diante disso, tudo parece espontâneo e cheio de ricos veios imagéticos. É um exercício para a memória e para a busca da estética. Como em música, que o aprimoramento deveria se fazer desde muito cedo em vida da criança, Henriques lança aqui um desafio fácil de ser encontrado e enfrentado. Esse livro desperta a curiosidade e amplia a possibilidade de conhecimento.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): José Humberto da Silva Henriques
- ASIN: B01M35BF6H
- Idioma: Português
- Tamanho: 3730 KB
- Nº de Páginas: 77
- Categoria: Jovens e Adolescentes
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro Caderno para Borboleta Passarinho Rabisco, escrito por José Humberto da Silva Henriques. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.