Black Jorge II: Uma História Policial

Jorge II é policial. Um policial no Rio de Janeiro. Ele é invulnerável, indestrutível, intransponível, invencível. Quem não sabe disso logo descobrirá da pior forma possível. Quando a pistola cromada é posta em serviço, touché!, não tem mais volta.
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[aperitivo para mera degustação]

Flashback. Um dos momentos da Operação Casamata.

Baixada Fluminense. Terra batida. Poeira cinza. Nuvens de pó alaranjado nublavam a visão dos policiais em uma rua agora deserta. Foguetório.

A batalha foi vertiginosa. Jorge II separou-se da formação para rebocar um companheiro atingido por AR-15. Arrastou-o enquanto revidava os tiros com mais tiros. Jorge II posicionou o policial ferido atrás do muro de tijolos velhos. Recostou-se ao lado.

Jorge II (ofegante): E aí, parceiro?! O bagulho ficou doido, mermão! Os vagabundos tão mandando chumbo na gente! Viu como que tá essa desgraça?! Já caíram vários nossos… numa chicotada de sorte uma pá duma só vez eles acertaram. Parece que vazou informação… só pode… porra! Sempre essa merda! Vai no zap um subalterno qualquer e avacalha a porra toda. Entrega o ouro pros bandidos. Diz data e hora e local e o efetivo da operação em troca dum cacete dum pão com manteiga e café ralo e gato na tevê a cabo. Miseráveis fodidos! E a gente que se ferra aqui na tocaia ou pior dando de cara com o vazio porque geral da milícia já fugiu pra Búzios ou pro Paraguai!

(Jorge II metralhou uma posição suspeita; do local alvejado despencaram defuntos)

Jorge II (exultante): Parceiro, rá rá rá, exterminei três, seu vadio! Você é bom em matemática?! Ei, puto, você é bom em matemática?! Ó, conta comigo: um chute e três gols! Rá, rá, rá! É magia o que eu faço por aqui. Dificulto o impossível, desafio as probabilidades. Dá pra matar três vagabundos com uma bala?! É a lição de hoje. E agora a gente meio que sabe que sim, que dá, se o projétil fizer a curva no vento certo no ângulo exato.
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[sobre o autor]

r.morel estudou um pouco de jornalismo, um pouco de cinema, um pouco de tudo, mais disso, menos daquilo, até (enfim!) fazer-se na vida como uma ensandecida (e anacrônica) máquina de escrever frenética e ansiosa digitando e digitando e digitando – mesmo se ganhar milhões na Mega da Virada, ou passar em um concurso público, o vínculo empregatício deveras seguro (e a conta bancária recheada!) não o atrapalharão porque não mais tentação. r.morel leu, escutou e segue o sábio conselho de vincent van gogh (pintor holandês): “escreva sempre; escreva 24 horas nos 7 dias dos 30 ou 31 dias do mês”. e como não poderia obedecê-lo se nada mais útil no mundo existe além de trabalhar?! sir, yes, sir! faca na caveira, missão dada é missão cumprida. rumo aos 1000 livros (… e se apenas um desses transcender o tempo já estamos no lucro…).
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