Bar dos Morcegos: e outros inacreditáveis
Por Roberto Villani Súbito, como raio que sobrepõe seu fulgor a tudo e a todos, escultura em forma de mulher atravessou a entrada do Bar dos Morcegos. Entrou bamboleante, refletindo aura dourada como o sol de verão. Cabelos longos, loiros, soltos sobre os ombros, pele rósea sem marcas de qualquer espécie, explodia no interior daquele bar como figura sobrenatural. Seios fartos, bem delineados, pareciam saltar do escandaloso decote desenhado por mãos benevolentes. Olhos extremamente azuis, lábios carnudos carregados com forte tom vermelho de batom especial, ela espalhava perfume de flores silvestres no ambiente agora iluminado. Aproximou-se da banqueta à esquerda do balcão e, num lance arrasador, cruzou as pernas inigualáveis. Parte das coxas, a mostra, sugeria o conteúdo de encantamento lúbrico guardado pelo vestido vermelho. Sorriu para o Ériclo e pediu uma dose da bebida mais forte que lá houvesse.
Todos, no interior do bar, perderam-se na visão dessa mulher. Fascinados, mentes enlouquecidas, imaginavam, quem sabe, noites de luxúria envoltos na sensação inusitada de prazer ao infinito. Jota, embriagado pelo conhaque e pela imagem dela na outra ponta do balcão, perguntou ao Ériclo:
– Quem é essa mulher?
– Ninguém sabe o seu nome ao certo. Dizem-na deusa da utopia, paixão dos desgraçados, aquela que habita nos sonhos irrealizáveis dos homens tolos. – respondeu Ériclo, aproximando-se do Jota. E continuou: -Todo aquele que sonha com coisas impossíveis têm nela o abraço da morte. Se por acaso esse tolo deixar-se seduzir por ela…
– Ela vem sempre aqui? – retornou o Jota, cuja curiosidade aliciava-o para uma conquista fugaz e inconsequente.
– Não. Ela só aparece quando alguém está no limite entre o sonho e o desespero.
Jota ergueu-se e caminhou lento ao encontro da mulher. Delirou envolvido pela mistura de luz e odor. Pegou-a pela mão e levou-a ao centro da pequena pista. Ninguém sabe como aconteceu, mas a vitrola antiga pôs-se a tocar por conta própria ritmo envolvente. E ambos deixaram-se acontecer, como bailarinos mágicos, indiferentes à aflição de quem já a conhecia. E assim gastaram a madrugada. E assim Jota gastou as esperanças. Quando deixaram o Bar dos Morcegos, no instante da fuga das estrelas, ela desapareceu, embrenhando-se misteriosamente na mata impenetrável. E ele…
Todos, no interior do bar, perderam-se na visão dessa mulher. Fascinados, mentes enlouquecidas, imaginavam, quem sabe, noites de luxúria envoltos na sensação inusitada de prazer ao infinito. Jota, embriagado pelo conhaque e pela imagem dela na outra ponta do balcão, perguntou ao Ériclo:
– Quem é essa mulher?
– Ninguém sabe o seu nome ao certo. Dizem-na deusa da utopia, paixão dos desgraçados, aquela que habita nos sonhos irrealizáveis dos homens tolos. – respondeu Ériclo, aproximando-se do Jota. E continuou: -Todo aquele que sonha com coisas impossíveis têm nela o abraço da morte. Se por acaso esse tolo deixar-se seduzir por ela…
– Ela vem sempre aqui? – retornou o Jota, cuja curiosidade aliciava-o para uma conquista fugaz e inconsequente.
– Não. Ela só aparece quando alguém está no limite entre o sonho e o desespero.
Jota ergueu-se e caminhou lento ao encontro da mulher. Delirou envolvido pela mistura de luz e odor. Pegou-a pela mão e levou-a ao centro da pequena pista. Ninguém sabe como aconteceu, mas a vitrola antiga pôs-se a tocar por conta própria ritmo envolvente. E ambos deixaram-se acontecer, como bailarinos mágicos, indiferentes à aflição de quem já a conhecia. E assim gastaram a madrugada. E assim Jota gastou as esperanças. Quando deixaram o Bar dos Morcegos, no instante da fuga das estrelas, ela desapareceu, embrenhando-se misteriosamente na mata impenetrável. E ele…
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Roberto Villani
- ASIN: B01LK2HA9U
- Editora: Roberto Villani
- Idioma: Português
- Tamanho: 1007 KB
- Nº de Páginas: 78
- Categoria: Literatura e Ficção
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